“Ano novo, vida nova” … e 2023 já leva quase um mês! Talvez seja altura de tentar perceber o que se vai passando por Coimbra que possa motivar sugestões do que poderia e gostaríamos que fosse acontecendo na nossa cidade.
Coimbra é uma cidade que há muito parece parada no tempo, que se apregoa quase apenas pelo Portugal dos Pequenitos e pela sua Universidade. Esquece-se Santa Cruz e o mausoléu onde repousam os nossos dois primeiros reis – parece haver vergonha de publicitar que foi Coimbra a primeira capital do Reino; Santa Clara-a-Velha vê-se de passagem e os “Colégios da Rua da Sofia”, onde nasceu a Universidade, por lá estão quase desconhecidos; o Convento de Celas, por onde terá andado Santo António, repousa escondido num recanto da cidade; a Sé Velha, lá vai sendo visitada (agora menos, por causa das obras que duram … duram … duram …) e um dos mais ricos museus de Portugal, o Museu Machado de Castro, lá vai sendo visitado, mais porque está na “Alta”, perto da Universidade, e tem o mais bem conservado criptopórtico romano, do que pelo seu magnífico espólio artístico!…
Estes e outros pontos têm de ser devidamente incluídos no programa turístico de Coimbra. Coimbra não sabe mostrar os seus tesouros! E Coimbra não se vê num dia!…
Mas, se Coimbra deve saber fazer-se visitar e, depois, saber mostrar-se aos turistas que a visitam, Coimbra tem, sobretudo, de tornar-se atractiva para os que nela vivem. E isso não está a acontecer há já bastantes anos … veja-se o decréscimo da sua população activa, confirmado em cada censo populacional!… Há como que um desleixo passivo a que passivamente nos vamos adaptando ou até fomentando.
Naturalmente que, neste momento, não me encanta ver a cidade esburacada com as obras do “metrobus”! Entenderam que tem de ser assim … que seja. Aguardemos pelo fim, e que esse fim venha rápido! Mas apercebi-me que as obras do” metrobus” levaram ao corte de algumas dezenas de árvores e… lá teria que ser (não sei bem se “teria que ser”, mas suponhamos que não havia outra solução). Mas, agora, por favor, Coimbra é uma cidade que precisa de mais verde, que precisa de mais árvores e jardins. Se cortam árvores, plantem outras. A cidade precisa de qualidade de vida para quem cá vive! E, sobretudo, precisa de se aperceber, de uma vez por todas, que tem uma zona ribeirinha como nenhuma outra cidade portuguesa, que tem aí uma riqueza e que tem de usá-la … mas não é só a construir “parques verdes” que sabemos serem inundados todos os anos!… Entre a estação nova e a ponte-açude há todo um espaço que tem de ser aproveitado… Talvez então se vá passear para a “Baixa” e não se fique preso nos centros comerciais e hipermercados … e não se faça deles os “museus” que a população visita ou onde passa o tempo aos fins de semana! Depois, porque se tem tão abandonada aquela margem direita? Aquele enorme espaço do “queimódromo” não poderia ter mais vida?
Coimbra não é uma cidade plana e a sua vida (Hospitais, Universidade, zonas escolares, zonas comerciais) processa-se, por vezes, em locais relativamente distantes. Como os autocarros raramente cumprem os horários, estão avariados ou não há mesmo autocarros suficientes, tem de se usar o automóvel para se cumprirem os horários. Resultado? Um trânsito caótico em alguns locais, a algumas horas.
Diz-se que Coimbra é a cidade mais segura do País. Mas já começam a surgir “casos” a mais! Não vale a pena negá-lo e uma maior vigilância policial não pode ser dispensada. Em Coimbra, o policiamento de proximidade das ruas é quase um motivo de notícia nos jornais! Lá se vê de vez em quando um carro de polícia a passar, mas polícia em presença local, dando a sensação de segurança a quem anda na rua, é fenómeno de que já não me lembro de ver em Coimbra. E há zonas perigosas na cidade, mesmo em lugares centrais!… Há ”lugares centrais” onde se consome ou trafica “droga” … e onde se gera violência! Será que a nossa polícia não sabe?!
E, por falar em policiamento, o Senhor Presidente da Câmara avisou que o típico abuso de Coimbra ver os passeios transformados em parques de estacionamento (com transtorno e até risco para as pessoas com certas limitações – por exemplo, cegueira, deficiência ou invalidez motora), ou os parques com parcómetros não respeitados iria acabar e que a polícia municipal iria passar a ser mais activa!… Mas não chega a polícia passar por lá uma vez, de longe a longe! A polícia tem de ser vista a intervir! Senhor Presidente, até os locais de estacionamento assinalados com placa de deficiente não são respeitados!…
Mas, como já vamos longos, voltaremos a Coimbra em próximo comentário.

QOSHE - Olhar Coimbra em 2023 - Maria Helena Teixeira
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Olhar Coimbra em 2023

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30.01.2023

“Ano novo, vida nova” … e 2023 já leva quase um mês! Talvez seja altura de tentar perceber o que se vai passando por Coimbra que possa motivar sugestões do que poderia e gostaríamos que fosse acontecendo na nossa cidade.
Coimbra é uma cidade que há muito parece parada no tempo, que se apregoa quase apenas pelo Portugal dos Pequenitos e pela sua Universidade. Esquece-se Santa Cruz e o mausoléu onde repousam os nossos dois primeiros reis – parece haver vergonha de publicitar que foi Coimbra a primeira capital do Reino; Santa Clara-a-Velha vê-se de passagem e os “Colégios da Rua da Sofia”, onde nasceu a Universidade, por lá estão quase desconhecidos; o Convento de Celas, por onde terá andado Santo António, repousa escondido num recanto da cidade; a Sé Velha, lá vai sendo visitada (agora menos, por causa das obras que duram … duram … duram …) e um dos mais ricos museus de Portugal, o Museu Machado de Castro, lá vai sendo visitado, mais porque está na “Alta”, perto da Universidade, e tem o mais bem conservado criptopórtico romano, do que pelo seu magnífico espólio artístico!…
Estes e outros pontos têm de ser devidamente incluídos........

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