No século passado, os Ena Pá 2000 cantavam: “Emigrante, emigrante, foste longe e regressaste, Emigrante, emigrante, não sei porque voltaste. “

Realmente, não sei porque voltamos. Na época natalícia, viajar de regresso a casa não é uma tarefa fácil. Principalmente para quem viaja de avião. Numa quinta-feira à noite, em Dezembro, no Aeroporto de Acra há sempre gente, muita gente. Os de voos para Londres, Bruxelas, Istambul, Washington e Amsterdão partem todos à mesma hora, Eu vou neste último, às 22h00m, que se encontra praticamente cheio. Aproveita-se as 6,5 horas de voo e tenta-se dormir na cadeira de avião, pouco amiga da zona lombar.

Aterrar em Amsterdão às 6 da manhã, sair do avião através da manga e sentir os -1º C que se fazem sentir lá fora. Até chegar ao edifício do aeroporto o aquecimento não está ligado. O corpo, habituado aos 30º C do Gana, reclama imediatamente.

Voltar a passar o Raio-X, mais uma fila. Entrar no espaço Schengen através das máquinas automáticas de leitura de passaportes que funcionam bem, ao contrário das que estão no Aeroporto de Lisboa. Aproveito as 3 horas de escala para comprar as típicas bolachas holandesas, Stroopwafel, e uma série de queijos, numa quantidade claramente exagerada, apenas justificada pela privação de sono.

Próximo avião com destino a Lisboa. Voo de 3 horas. Aterramos e tenho que aguardar até que as malas sejam entregues, para ter a certeza de qual o comboio que consigo apanhar para Coimbra. 1 hora para entregarem as malas. O que é 1 hora numa viagem destas? Nada, não custa nada.

Quando finalmente chega a bagagem, saio a correr para a zona das partidas para apanhar o táxi que me levará à estação do Oriente. Inicio o processo de compra do bilhete de comboio, na aplicação online da CP. Iniciar sessão, palavra-passe errada, recuperar palavra-passe. As carruagens estão quase cheias, exige-se rapidez no processo da compra. Pagamento Paypal, iniciar sessão, palavra-passe errada, recuperar palavra-passe. Depois desta luta infernal com os logins, finalmente consigo comprar o bilhete e, passado quase 2 horas, chego a Coimbra. Com um desgaste físico e emocional equivalente a quem acabou de fazer a recruta nos Comandos do Exército Português