O racismo no banco dos réus: arte-educação jurídica como prática pedagógica
ANA FLAUZINA, professora da Universidade Federal da Bahia, especialista em criminologia e relações étnico-raciais
"Ninguém no mundo, ninguém na história conseguiu sua liberdade apelando para o senso moral das pessoas que o oprimiam", nos ensina Assata Shakur, importante liderança negra estadunidense. Essa afirmação é fundamental para as disputas de narrativas que, até hoje, permeiam a abolição da escravidão e suas consequências no Brasil.
Para as elites, a estratégia sempre foi retratar o fim do regime escravista como uma concessão. Nessa visão, o 13 de maio simboliza resolução: enterrar o passado; negar a desigualdade racial no presente e projetar um futuro como miragem de justiça social.
Em contraste, a militância negra enxerga a escravidão como alicerce da estrutura social, cujo legado essencial é o racismo: o grande dilema político da nação. Aqui, o 13 de maio representa conflito. É preciso reconhecer as atrocidades do passado; assumir o racismo como base da desigualdade para, só então, vislumbrar algum nível de conciliação no futuro.
A educação é, sem dúvida, trincheira central desse embate. Após décadas de luta, a Lei 10.639/2003 tornou obrigatório o ensino de história e cultura........
© Correio Braziliense
