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Adolescência além do sintoma

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14.04.2025

DANIELE NUNES HENRIQUE SILVA, psicóloga, pedagoga, doutora em educação e professora do Instituto de Psicologia da UnB

A série Adolescência, da Netflix, tem impulsionado debates relevantes sobre os dilemas enfrentados por jovens, suas famílias e instituições, como a escola e o Estado. Embora a abordagem psicanalítica — como a publicada por Vera Iaconelli na Folha de S.Paulo, em 25 de março — ofereça diagnósticos consistentes, proponho-me a lançar um outro olhar sobre a questão.

Como bem observa Iaconelli, a série percorre quatro dimensões fundamentais da sociabilidade contemporânea: o Estado, a escola, a família e o sujeito. Cada um desses espaços é explorado em episódios distintos, de forma complexa e sem linearidade. Os diálogos são marcados por tensões, contradições, idas e vindas — e o desconforto do espectador diante das cenas é parte do efeito intencional da narrativa. Ainda em consonância com a psicanalista, a série destaca com força as questões de gênero e os conflitos geracionais, colocando em evidência dilemas urgentes: como exercer a parentalidade em tempos tão desafiadores?

Contudo, sem negar os aspectos de gênero e de geração, que de fato atravessam o problema, é fundamental lançar luz sobre um elemento estrutural muitas vezes negligenciado: o neoliberalismo ocidental. Ignorar esse recorte nos leva a interpretações........

© Correio Braziliense