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A diversidade indecente

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08.05.2025

CRISTOVAM BUARQUE, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB)

Em excelente artigo publicado no Correio Braziliense, o ex-ministro Raul Jungmann apresenta sua visão sobre a importância moral e a necessidade social de combater preconceitos e promover a diversidade — respeito e aceitação do outro, pela cor da pele, orientação sexual, religião ou gênero. Apesar da qualidade e relevância, o artigo manteve a tradição de ignorar o "rendismo": a discriminação ao acesso a bens e serviços essenciais conforme a renda da pessoa (comida, educação, saúde). Tampouco menciona que, aplicado à educação, esse preconceito é a principal causa dos outros preconceitos.

O respeito à diversidade nasce do que for ensinado nas escolas: na formação da mente e na definição de comportamentos. Ser ou não ser racista, homofóbico, machista, depende do que é ensinado nas famílias e nas salas de aula. Cada vez menos nas famílias e mais nas escolas. Apesar da percepção, no Brasil, o acesso à escola de qualidade com permanência até o final da educação básica com qualidade depende de um preconceito disfarçado: a renda da criança. Jungmann lembra que a abolição foi um gesto de respeito à diversidade, ao determinar que legalmente ninguém era mais escravo no Brasil.

Mas o sistema escolar mantém até hoje "escolas senzala", para pobres, "descendentes sociais" dos escravos, e "escolas casa........

© Correio Braziliense