Formada no Ceub, com passagem pelo Jornal de Brasília. Jornalista do Correio Braziliense desde 1998.

No sábado passado, estive na inauguração da segunda unidade do Colégio Militar Dom Pedro II. E foi uma grata surpresa receber — assim como todos os participantes do evento — o folheto de uma campanha de combate à exploração e ao abuso sexual contra crianças e adolescentes. Batizada de Não é brincadeira, é crime, a iniciativa está sendo promovida pela Secretaria de Turismo do DF, em parceria com o Instituto Inside Brasil. Conforme o site da campanha, as ações ocorrem em vários pontos da cidade, especialmente em estações do metrô, por causa do grande fluxo de pessoas.

A mobilização visa alertar e orientar a população sobre como prevenir e denunciar o crime contra meninos e meninas. O folheto que recebi é bem didático: explica cada tipo de violência, os sinais no comportamento da vítima e como dialogar com ela, além de formas de prevenção e canais de denúncia. "No silêncio da inocência, há um pedido de socorro", enfatiza a mensagem.

Precisamos de campanhas semelhantes em nível nacional, que sejam permanentes e abrangentes. O Estado tem o dever de zelar pela segurança de crianças e adolescentes, mas é o primeiro violador dos direitos deles. Faltam políticas públicas efetivas de enfrentamento a essa calamidade e o fortalecimento da rede de proteção.

Na última terça-feira, a Safernet divulgou que, em 2023, recebeu 71.867 novas denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infantil on-line. O número — destaca a ONG — é recorde absoluto de denúncias novas (não repetidas) a respeito desse tipo de crime registradas ao longo de 18 anos do funcionamento da Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos. A marca anterior era de 2008, quando houve 56.115 denúncias.

Segundo o fundador e diretor-presidente da Safernet, Thiago Tavares, três fatores pesaram no aumento: a introdução da inteligência artificial generativa para a criação desse tipo de conteúdo, a proliferação da venda de pacotes com imagens de nudez e sexo autogeradas por adolescentes, e demissões em massa anunciadas pelas big techs, que atingiram as equipes de segurança, integridade e moderação de conteúdo de algumas plataformas.

É preciso ter em mente que, na maioria dos casos, cada foto ou vídeo corresponde a uma menina ou um menino violentado, inclusive bebês. Os miseráveis estupram, filmam ou fotografam tudo e compartilham. Os molestadores são, principalmente, do núcleo familiar da vítima: pais, mães, irmãos, tios, avós, primos.

Quem souber ou suspeitar de abuso ou exploração sexual de crianças a adolescentes deve denunciar ao Disque 100 (do Ministério dos Direitos Humanos), acionar o número 190 (emergência policial) ou o 197 (Disque Denúncia), delegacias, conselhos tutelares, aplicativo Proteja Brasil ou pelo site safernet.org.br. Uma atitude nossa pode fazer a diferença para quem está em profundo sofrimento.


Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

QOSHE - Combate à violência sexual - Cida Barbosa
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

Combate à violência sexual

7 9
08.02.2024

Formada no Ceub, com passagem pelo Jornal de Brasília. Jornalista do Correio Braziliense desde 1998.

No sábado passado, estive na inauguração da segunda unidade do Colégio Militar Dom Pedro II. E foi uma grata surpresa receber — assim como todos os participantes do evento — o folheto de uma campanha de combate à exploração e ao abuso sexual contra crianças e adolescentes. Batizada de Não é brincadeira, é crime, a iniciativa está sendo promovida pela Secretaria de Turismo do DF, em parceria com o Instituto Inside Brasil. Conforme o site da campanha, as ações ocorrem em vários pontos da cidade, especialmente em estações do metrô, por causa do grande fluxo de pessoas.

A mobilização visa alertar e orientar a população sobre como prevenir e denunciar o crime........

© Correio Braziliense


Get it on Google Play