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Venezuela: paz e amor com Maria Corina?

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07.08.2024

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No dia 6 de agosto, a página do Instituto Humanitas Unisinos publicou uma entrevista originalmente divulgada na revista Nueva Sociedad.

Nueva Sociedade (NUSO) é a revista da Fundação Friedrich Ebert, vinculada ao Partido Social Democrata Alemão.

A entrevista foi feita por Pablo Stefanoni e os entrevistados são Luz Mely Reyes e Andrés Caleca.

Segundo Nueva Sociedade, “Luz Mely Reyes es periodista, cofundadora y directora ejecutiva de Efecto Cocuyo y becaria del Centro Internacional de Periodistas, en el programa Periodistas en el Exilio. Andrés Caleca es economista, profesor y político. Presidió el Consejo Nacional Electoral (CNE) entre marzo y diciembre de 1999. Fue, además, uno de los 13 precandidatos de la Plataforma Unitaria, el principal espacio opositor al gobierno de Nicolás Maduro”.

A entrevista é interessantíssima, entre outras coisas porque ajuda a entender o “giro” ocorrido recentemente, com os Estados Unidos dando um passo atrás na Operação Guaidó Segundo. Depois de nomear unilateralmente o cidadão, recuam e dizem estar se aproximando das posições manifestas pelo Brasil, México e Colômbia. A entrevista ajuda a compreender, também, a tática de um setor da oposição.

A entrevista foi publicada originalmente em espanhol, aqui: https://nuso.org/articulo/claves-de-la-crisis-poselectoral-en-venezuela/

Mas os comentários a seguir serão feitos com base na tradução em português, disponível aqui:

https://www.ihu.unisinos.br/642064-chaves-para-a-crise-pos-eleitoral-na-venezuela-entrevista-com-luz-mely-reyes-e-andres-caleca?utm_campaign=newsletter_ihu__06-08-2024&utm_medium=email&utm_source=RD Station

Para facilitar minha vida e a dos leitores, não vou identificar quem dos entrevistados deu cada resposta, até porque eles dançam a mesma valsa e quem quiser pode conferir na fonte.

Começo por um detalhe curioso: a entrevista tem 6812 palavras. Mas o nome “Estados Unidos” aparece uma única vez, de forma elogiosa: “Estas eleições surgiram de uma série de acordos entre o governo e a oposição e os Estados Unidos”.

Já a palavra “sanções” aparece somente duas vezes. Numa delas se afirma que a "dor social" causada pela deterioração das condições de vida "pode" ser atribuída às sanções.

Não sei dizer se esta timidez em falar dos EUA e das sanções é resultado da autocontenção dos entrevistados ou da edição de Pablo, mas em qualquer caso trata-se de um assombro, dada a importância que a ingerência externa tem na história da Venezuela e nesta eleição em particular.

Sigo para outro detalhe curioso: grande parte da polêmica sobre as eleições venezuelanas, desde o domingo 28/7 até hoje sexta 6/8, girou em torno da palavra “atas”. Pois bem: na citada entrevista, a palavra "atas" aparece 12 vezes. Na primeira vez, aparece por iniciativa do entrevistador, que afirma o seguinte: “Não está claro se as atas existem ou não, se as da oposição são as mesmas que o governo afirma ter (que não as apresenta) e o que acontece com os boletins emitidos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE)”. Sobre isso, um dos entrevistados afirma o seguinte: “Em primeiro lugar, é importante destacar que não se trata de não aparecerem as atas, que aliás já apareceram”.

E segue a valsa: “As atas apareceram e são carregadas em uma plataforma projetada pela organização Plataforma Unitaria, à qual pertence María Corina Machado (...) e (...) o próprio Nicolás Maduro disse que também tinha 100% delas – algo que é lógico, porque o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) teve testemunhas em todas as assembleias de voto (...) ”.

Ou seja: o problema não estaria na existência ou inexistência de atas, mas na óbvia divergência acerca do seu conteúdo. A oposição não aceita a contabilidade feita pelo CNE. E a situação desmascarou a contabilidade feita pela oposição.

Obviamente a entrevista não confessa este desmascaramento. Os entrevistados enveredam pelo número de votantes, de migrantes, dos supostamente impedidos de votar etc. A esse respeito, sugiro ler o (acho eu) engraçado texto disponível aqui, que inclusive serve para desmontar algumas “teses” defendidas, no Outras Palavras, pelo jornalista Antonio Martins:

https://www.aporrea.org/ideologia/a333005.html

Um terceiro ponto da entrevista que chamou minha atenção foi a afirmação segundo a qual “a oposição participou ativamente nas eleições, apesar de terem condições de concorrência completamente desiguais a favor do governo”. Suponhamos que isso seja verdade. Pergunto: é verdade ou não é verdade que as sanções dos Estados Unidos impuseram condições de concorrência completamente desiguais a favor da oposição?

A verdade é que, se não falarmos do papel jogado pelas sanções e pelos Estados Unidos, qualquer balanço do processo eleitoral fica desequilibrado.

Um quarto ponto da entrevista que gostaria de destacar diz respeito ao CNE. Para os entrevistados, o processo eleitoral Venezuela “foi violado e foi isso que nos trouxe a esta situação”. Novamente, suponhamos que isso teria ocorrido. Pergunta: o que disseram a respeito os integrantes do CNE que são vinculados à........

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