Eleições 2024: Jessé e a cloroquina
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Faz tempo que não lia nada do Jessé.
A bem da verdade, parei no A tolice da inteligência brasileira.
Quem quiser ler a respeito, pode buscar aqui:
https://pagina13.org.br/pensando-a-longo-prazo-reune-artigos-de-wladimir-pomar/
Quando Jessé estava empregado na mesma Universidade que eu, nunca tive a sorte de cruzar com ele.
Depois, um militante de um núcleo do PT na Europa comentou que ele estaria morando por lá, para fugir de perseguições.
Tudo isso para dizer que vale a pena ler a entrevista que Jessé deu ao Globo, acerca do resultado das eleições.
Como a entrevista é no Globo, o viés não podia ser muito diferente do que foi: uma crítica à esquerda, ao PT, ao governo Lula e a Boulos, embrulhada numa análise acerca da força que a direita e a extrema-direita têm entre os pobres.
Este combo não é exclusividade de Jessé.
Muito mais gente da esquerda tem publicado, nas suas redes, as mais variadas autocríticas.
É verdade que algumas são ao estilo Homer Simpson: “a culpa é minha, logo eu coloco onde eu quero”.
Fazer o quê: debate é assim mesmo. E, gostemos ou não, ele acontece ao mesmo tempo que o segundo turno.
Mas, também por isso, não podemos nunca perder de vista que nosso objetivo é derrotar o lado de lá.
E para derrotar o lado de lá, é preciso conhecer e criticar as armas que ele utiliza. Pois a eficácia ou ineficácia de nossas armas devem ser medidas no confronto com as armas do inimigo.
Por exemplo: a compra de votos.
Numa certa capital do Nordeste, está óbvio que a candidatura da direita que foi ao segundo turno usou e abusou deste expediente. O pagamento era feito via pix nas seções eleitorais.
Outro exemplo: o financiamento empresarial ilegal.
Em todo o país, os ricos continuaram financiando suas campanhas preferidas, não apenas através de doações pessoais (vide Ometto, o maior doador privado do primeiro turno de 2024), mas também através de contribuições ilegais.
Detalhe: o recém-retornado-petista Randolfe, aquele que saiu do PT supostamente pela meia esquerda, no meio de um surto udenista, agora quer a volta do financiamento empresarial privado.
Um terceiro exemplo: o uso eleitoral das bilionárias emendas parlamentares impositivas.
Claro, parlamentares de esquerda também receberam emendas. Mas além do fato destas emendas serem em si mesmas um desvio, o fato objetivo é que as direitas são as maiores beneficiárias.
Um quarto exemplo: o uso da máquina pública nas campanhas eleitorais.
Um quinto exemplo: o uso das fake news.
Um sexto exemplo: a influência dos meios de comunicação privados.
Um sétimo exemplo: a operação ilegal de corporações e instituições, tais como certas igrejas, a “família militar” etc.
Um oitavo exemplo: a total desproporção nos recursos do fundo eleitoral.
Poderíamos continuar a lista, mas acho que o que foi dito já basta para demonstrar como é ridículo debitar o resultado eleitoral de 2024 apenas ou principalmente na conta de um único fator, de uma única variável.
Erram, também por isso, os que estão obcecados com o “identitarismo”.
Podemos e devemos discutir e criticar o “identitarismo”, mas se não colocarmos as coisas no grau, vamos acabar adotando o mesmo “modus sin pensantis” que leva certa direita a atribuir todos os problemas da humanidade à “ideologia de gênero”.
Ou fazemos um balanço de conjunto, que pondere de maneira correta as variáveis em jogo, ou vamos seguir errando.
Feitas estas preliminares, vejamos a entrevista concedida por Jessé ao Globo.
A entrevista publicada pode ser lida aqui:
https://oglobo.globo.com/politica/eleicoes-2024/noticia/2024/10/13/entrevista-boulos-paga-o-preco-da-esquerda-legal-que-discute-genero-e-raca-e-deixou-pobres-na-direita-diz-jesse-souza.ghtml
Jessé diz que o voto obtido por Nunes e Marçal em áreas periféricas nas zonas Sul, Norte e Leste de São Paulo capital teria sido, “sem dúvida”, o voto do “pobre de direita”.
Segundo ele, faz tempo que a situação já estaria “dominada” pela Teologia da Prosperidade, neoliberal e reacionária.
E vaticina: “Passamos por um processo de idiotização das pessoas e de inação dos que deveriam fazer um........
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