O decreto da irresponsabilidade cultural brasileira
Ao me deparar com uma notícia dando conta de que o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, aprovou o pagamento de R$ 5 milhões para financiar dois festivais evangélicos no mês de dezembro de 2025, logo me lembrei do decreto presidencial assinado por Lula que transforma a cultura gospel em patrimônio cultural brasileiro. A triste lembrança me faz refletir sobre mais um aceno feito pelo governo ao segmento evangélico, na ânsia de fortalecer o diálogo com os fiéis e diminuir a rejeição que a maioria deles ainda nutre pelo PT, pela esquerda e pelo próprio presidente Lula. Um aceno que inevitavelmente hierarquiza a religiosidade no país, dando mais poderes ao projeto de poder teocrático e fascista desejado pelas principais lideranças do agora patrimônio nacional.
Citei a grana que o prefeito de São Paulo liberou para dois eventos gospel na cidade, para chamar a atenção ao fato de que tais financiamentos agora serão considerados como “investimentos” em cultura, uma vez que estamos falando de um movimento que passa a ser considerado um patrimônio da sociedade. Alguém pode me alertar para o fato de que o Candomblé também foi reconhecido como patrimônio cultural brasileiro, ao que eu respondo com uma pergunta: quantos eventos de matriz africana foram patrocinados com dinheiro público? E estamos falando de algo genuinamente brasileiro, ao contrário do gospel que é professado por aqui, que não passa de uma cultura intolerante, reacionária e imperialista, que começou a ser disseminada no país por missionários estadunidenses no final dos anos 1970.
O “Godspell” originário que vem dos Spirituals, o canto dos africanos escravizados nos EUA, era uma cultura de sobrevivência e resistência à dor. Uma ideia de apelo ao consolo divino diante das atrocidades sofridas pelos negros escravizados. Em sua tradução literal “Deus soletra”, está implícita a transmissão do evangelho de Cristo e sua mensagem de salvação e fé na qual creem os cristãos. Acontece que o canto dos escravizados africanos nos EUA, certamente não era direcionado apenas ao deus cristão. Até porque, Deus não tem religião e existem várias formas de louvar a sua........





















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