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A Miopia Estratégica de Parte da Europa

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19.12.2025

O cenário geopolítico mundial é muito claro. E duro. Muito duro.

Trump resolveu mandar às favas todo e qualquer resquício de respeito à “ordem mundial baseada em regras” (regras que os EUA criaram, frise-se), ao multilateralismo e às normas básicas do direito internacional público. 

Jogou no lixo velhas alianças e renunciou ao uso do soft power.

A estratégia de Trump é evidente: impor os interesses dos EUA em negociações bilaterais essencialmente assimétricas. Usa o velho divide et impera. Se utiliza de um protecionismo brutal e, inclusive, da ameaça militar, para tornar a “América grande, de novo”.

E isso acontece em um contexto no qual a OMC tornou-se moribunda. 

Com efeito, no campo estritamente multilateral, a OMC não conseguiu avançar um milímetro sequer, depois da Rodada Uruguai, concluída em dezembro de 1994. Todas as outras rodadas de negociação fracassaram. Em todo esse tempo, a OMC conseguiu apenas concluir o Acordo sobre Barreiras Técnicas ao Comércio, firmado em 2015. Um avanço modesto, que não ampliou as degravações tarifárias.

Ademais, o sistema de solução de controvérsias da OMC, que faz a aplicação e o “reinforcement” das regras comerciais mundiais, está paralisado desde 2018, porque os EUA se recusam a designar os juízes para o Órgão de Apelação daquela entidade. O sistema internacional de comércio está, portanto, inerte, desde o ponto de vista das negociações, e também da perspectiva da aplicação e observação das regras multilaterais acordadas.  

O campo do comércio planetário já tinha virado uma “terra de ninguém”, antes do segundo governo Trump. Com Trump, se tornou um campo de batalha, uma guerra “bilateralizada” e assimétrica, no contexto de uma desordem mundial “hobbesiana”.

Nesse quadro, o Brasil resolveu investir, exitosamente, frise-se, na busca de novos parceiros e no aprofundamento das parcerias estratégicas.

E uma das principais medidas, para contornar o quadro criado por Trump, é a da celebração do acordo Mercosul-UE.

Claro está que tal acordo, se aprovado, não fará milagres. Mas poderia representar algum alívio para os países que o comporiam. 

Antes de prosseguir, é preciso reconhecer que o texto antigo do Acordo, fechado às pressas em 2019, era ruim e apresentava perigos para o Brasil, principalmente para sua indústria.

O IPEA chegou a elaborar uma NOTA TÉCNICA (“Acordo Mercosul-União Europeia e mudança estrutural: Considerações a partir de modelos de equilíbrio geral”, assinada por Thiago Sevilhano Martinez e publicada em junho de 2023,), na qual se afirmava que:

”A partir........

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