As sandálias da humildade
Desde mil novecentos e sessenta e dois, os brasileiros estamos de Havaianas nos pés.
E não só nos pés.
Sou de um tempo em que as mães tinham uma Havaiana na mão sempre que precisavam.
Ainda trago, viva, na parte interna da epiderme, a tatuagem havaiânica das surras que levei de minha coroa.
Sim, as senhorinhas usavam a sandália brazuca como um instrumento de tortura pedagógica.
Era um tempo em que mães furiosas arremessavam sandálias, com precisão cirúrgica, pelos corredores de casa.
O chinelo, lançado como uma flecha, atravessava cortinas, janelas, basculantes, alpendres, cruzava quintais e alcançava o lombo do erê onde quer que ele estivesse.
As Havaianas substituíram a vara de marmelo, o cipó de amoreira e o cinto de couro nas sevícias familiares domésticas.
Isso, sim, seria razão suficiente pra muita gente querer distância dessas sandálias, porque elas remetem a um passado marcado por surras torturantes.
No entanto, elas estão aí nos pés de todo mundo.
As........





















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