A falência do símbolo da democracia capitalista
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Apesar de já termos abordado esta questão em outras oportunidades, com a aproximação da data de culminação do processo eleitoral para a presidência nos Estados Unidos, nos vemos compelidos a retomar a discussão sobre o que está por trás da difundida imagem do país “símbolo” da democracia.
Não é de hoje que os Estados Unidos vêm sendo retratados por seus admiradores como sendo o que de mais belo as sociedades humanas puderam construir ao longo do tempo. Ainda na primeira metade do século XIX, os principais expoentes intelectuais do liberalismo costumavam referir-se aos Estados Unidos como o país modelo da liberdade. O processo de lutas que levou a sua independência do Império Britânico foi saudado por todos os adeptos do pensamento liberal como uma consagradora vitória dos ideais da liberdade. Assim, para eles, a chamada Revolução Americana se tornou o marco inicial da etapa mais dignificante alcançada pela humanidade.
Os intelectuais admiradores desse novo “paraíso” da liberdade não se sentiam para nada incomodados ao constatar que a base de sustentação da economia estadunidense de então era a mão de obra escrava. Esses filo-americanistas também não se faziam nenhum questionamento pelo fato de que milhões de homens e mulheres de pele negra eram equiparados a gado e tratados como meros objetos de compra e venda, destinados a servir exclusivamente para o usufruto de seus proprietários. Provavelmente, isso se devia a que os tais liberais consideravam que a única liberdade a ser realmente levada em conta era a de os proprietários poderem dispor de seus bens a seu bel-prazer, ainda que os tais bens fossem seres humanos.
De igual modo, esta forte identificação com o modelo estadunidense tampouco foi afetada com a introdução do regime de supremacia racial branca nos estados do sul logo após o término da guerra civil de secessão que tinha posto fim à escravidão. A penúria de milhões de negros e negras que eram considerados e tratados como sub-humanos não comovia os liberais admiradores da liberdade prevalecente nos Estados Unidos. Devemos recordar que o modelo de segregação vigente na região........
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