Uma mulher no cargo de secretária-geral das Nações Unidas?

Em 25 de novembro, o presidente do Conselho de Segurança, o embaixador de Serra Leoa, Michael Imran Kanu, e a presidente da 80ª sessão da Assembleia Geral, Annalena Baerbock, enviaram uma carta a todos os 193 Estados-membros da ONU, convidando-os a indicar candidatos para o décimo secretário-geral, cujo mandato começa em 1º de janeiro de 2027. A carta declarava: “Observando com pesar que nenhuma mulher jamais ocupou o cargo de secretária-geral e acreditando na necessidade de garantir igualdade de oportunidades para mulheres e homens no acesso a cargos de tomada de decisão de alto nível, encorajamos os Estados-membros a considerarem seriamente a indicação de mulheres. Enfatizamos a importância da diversidade regional na seleção dos secretários-gerais.”

A carta indicava, portanto, uma tentativa de atender a duas condições, se possível: que a candidata fosse uma mulher e, simultaneamente, que a diversidade geográfica fosse levada em consideração. Começando pela segunda condição, o grupo geográfico que nunca elegeu um secretário-geral é o Leste Europeu. Seguindo o sistema de rodízio usual, o próximo candidato seria da América Latina. Portanto, acredito que a disputa pela décima vaga de secretário-geral se dará principalmente entre candidatos da Europa Oriental e da América Latina. Os nomes dos candidatos à presidência da Assembleia Geral e do Conselho de Segurança começaram a surgir. Três nomes estão circulando atualmente, mas, antes disso, gostaria de revisar brevemente os métodos utilizados para selecionar os nove secretários-gerais anteriores ao longo dos últimos oitenta anos.

Primeira etapa – Estados neutros - Inicialmente, a seleção era quase exclusivamente limitada a Estados neutros que não estivessem alinhados com os blocos oriental ou ocidental. Os quatro primeiros secretários-gerais foram escolhidos de acordo com esses critérios, para evitar um veto russo ou estadunidense. O primeiro secretário-geral foi da Noruega (Trygve Lie), o segundo da Suécia (Dag Hammarskjöld), o terceiro de Mianmar (U Thant) e o quarto da Áustria (Kurt Waldheim). A composição dos Estados-membros da ONU mudou........

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