A pesca chinesa e o outro jogo da lula

Em plena temporada de denúncias sobre a suposta pesca ilegal de centenas, milhares, milhões de navios de bandeira chinesa em águas internacionais, Pequim voltou a colocar em cena seu conhecido repertório de respostas, ainda que com algumas novidades. Como todos os anos, defendeu a legalidade de suas operações e questionou o viés político de muitos relatórios que circulam no Ocidente, mas desta vez acrescentou um argumento que considerou relevante: a ratificação e a implementação de dois acordos globais que, segundo sustentou, navegam em sentido oposto às acusações que costuma receber.

Ocorre que, ao longo de 2025, a China não apenas ratificou o Acordo sobre Medidas do Estado do Porto das Nações Unidas (PSMA), voltado ao combate à pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (INDNR), como também avançou na aplicação do Acordo sobre Subsídios à Pesca da Organização Mundial do Comércio (ASPMC), ao qual Pequim havia aderido em 2023, dois anos antes da Argentina.

Como responsável pela maior frota pesqueira do mundo (estimada em cerca de 500 mil embarcações, das quais aproximadamente 2.600 são de alto-mar), o país asiático assegurou respeitar esses tratados até a última vírgula, com ênfase na fiscalização da pesca em águas distantes e no monitoramento 24 horas por dia, sete dias por semana, da posição de seus navios — dois pontos que preocupam diversas economias ocidentais. “Quando a China adere a um tratado internacional é para cumpri-lo, não como ocorre em outros lugares”, insistiram fontes da Associação de Pesca de Alto-Mar da China (COFA).

“A adesão ao PSMA representa um avanço nos esforços do país para combater a pesca ilegal e proteger os recursos marinhos, além de confirmar que a China assumirá maiores responsabilidades internacionais na gestão pesqueira”, afirmou Liu Zinzhong, funcionário do Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China, ao avaliar o tratado........

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