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Política externa e afetos subjetivos

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25.10.2024

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Considero bastante estranho o argumento do governo brasileiro sobre "quebra de confiança" nas relações Brasília-Caracas. Além de se colocar a questão ao nível dos afetos - com ênfase em "confiança" e "lealdade" - parece, também, uma guinada profunda na formulação da política externa brasileira.

A postura da diplomacia como tendo sido "enganada" depõe contra uma trajetória histórica muito experimentada. Não se trata de um casamento ou outro tipo de relação afetiva. São relações Estado-Estado, onde os interesses nacionais se sobrepõem aos interesses privados e seus afetos. Há razões (de Estado) do Brasil em querer a Venezuela nos BRICS? Sim, temos interesse em consolidar uma posição na América do Sul, ter acesso ao mercado venezuelano - o que geraria mais emprego e renda no Brasil - e interesse em trazer os petrodólares da Venezuela para o âmbito financeiro dos BRICS.

No entanto, o Brasil, quando coloca afetos acima das razões de Estado, abandona seus interesses (de Estado) por uma posição que só vai gerar maior dependência de Caracas em face de Pequim e Moscou. Nem Santiago ou Bogotá foram mais longe. E nem pensar o México........

© Brasil 247


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