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A erosão acelerada do Benfica

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23.07.2024

os clubes de futebol que são detidos por sócios, como é o caso do Benfica, e em particular um clube tão grande e importante como o Benfica, devem operar com base num desígnio simples partilhado por todos, que neste caso é também central à identidade do clube: vencer, vencer e vencer

Pode às vezes parecer quando as pessoas são mais vocais em relação a pontos de vista divergentes, mas os detentores de poder num clube de futebol não são proponentes de uma ideologia contra outra. São, fundamentalmente, gente que pretende manter e, sempre que possível, reforçar o seu poder. É o tempo que torna as suas ações ideológicas. Quanto mais tempo passa, maior a sedimentação de um conjunto de ações que, somadas, se tornam identitárias, culturais, definidoras até da instituição. A vida, em particular a minha e a do Sport Lisboa e Benfica, tem-me ensinado que os atributos mais substantivos de quem ocupa o poder num clube de futebol não são derivados de um conjunto de ideias ou preceitos filosóficos particularmente complexos. Concordamos no essencial, mas há uma diferença entre motivos simples e motivos simplórios.

Em concreto: os clubes de futebol que são detidos por sócios, como é o caso do Benfica, e em particular um clube tão grande e importante como o Benfica, devem operar com base num desígnio simples partilhado por todos, que neste caso é também central à identidade do clube: vencer, vencer e vencer. Não repito o verbo para ênfase poético. É mesmo preciso vencer repetidamente no Benfica. Não fui eu que inventei o clube. É nisso que as pessoas se alistam. Era assim quando nasci e, no essencial, pouco mudou, ainda que os últimos anos nos tenham confundido e por vezes pareça que o seja outro o desígnio que hoje nos deve unir: vender, vender, vender. Tentarão convencer-nos de que não há ideologia que sobreviva à inviabilidade dos modelos económicos, e de que pouco mais há a fazer para lá do que já foi feito. Esse auto-convencimento, quando manifestado pelas pessoas certas, tende a criar um odor putrefacto de satisfação connosco mesmos. É um sinal nauseabundo daquilo que falta: ambição, visão, capacidade, concretização, e, já agora, valores inegociáveis. Valores inegociáveis como se fossem uma comissão de Ulisses Santos. Valores para os quais olhamos e não nos fazem pestanejar, de tão certos que estamos........

© A Bola


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