O Apito Dourado e os E-Mails não foram aqui

Havia um elefante na sala de estar da família Ferreira. Chegou um dia, sem ser convidado, e ali se instalou. De cada vez que se mexia as paredes estremeciam. E quando usava a tromba partia sempre alguma coisa. Mas todos lá em casa fingiam que o elefante não existia.

A mãe tinha de passar por cima da tromba do elefante para ir para a cozinha, o filho ficava espalmado no sofá quando queria ver um bocadinho de televisão e o pai respondia aos vizinhos que os barulhos estranhos que ouviam eram um problema de canalização.

Havia feridas feitas pelos cacos que o elefante provocava e nódoas negras dos encontrões, mas nada era tão mau como o silêncio de vozes que se instalara. De alguma forma, numa espécie de compromisso tácito, os três elementos da família assumiram que dizer que havia um elefante no meio da sala era pior do que, de facto, tê-lo ali.

Mas um dia a avó apareceu lá em casa sem avisar e, chocada, exclamou: «Está aqui um elefante!» E nesse momento foi como se um feitiço se tivesse quebrado. A mãe gritou que não aguentava mais o animal, o filho chorou porque tinha andado muito tempo a engolir o medo e o pai confessou o susto. Nessa tarde, chamaram uma equipa para demolir a parede da sala e o elefante, finalmente, foi à sua vida.

E eu, que sou Garcia e não Ferreira, sou cópia desta avó e recuso-me a conviver com elefantes na sala. Dito isto, e da forma mais clara possível, quero deixar já registado que o penálti marcado a favor do Sporting contra o Santa Clara não foi penálti nem aqui nem na China e que mal estaremos quando se decidir que aquele tipo de contacto é critério para o castigo máximo. É que nesse dia, garanto-vos, vamos conseguir arranjar, pelo menos, um penálti em cada pontapé de........

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