Nos locais habitualmente cheios de turistas em dezembro, este ano não há sinais de festa. Em Belém, na Cisjordânia, o Natal foi cancelado: não há espaço para o sorriso de um deus eternamente menino. Em Gaza, esventrada por 12 mil toneladas de bombas desde 7 de outubro, já perderam a vida mais de 3200 crianças. Na Cisjordânia a organização internacional Save the Children também já contabiliza a morte de 33 menores.

Uma manjedoura feita de destroços, entre os quais se destaca um menino Jesus com um lenço palestiniano, tem somado partilhas nas redes sociais. O peculiar presépio que acolhe os visitantes na Igreja Evangélica Luterana da Natividade de Belém evoca as crianças que todos os dias são retiradas dos escombros de Gaza. O nascimento deveria ser esperança, não uma impossibilidade determinada pela destruição.

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Nenhum deus pode ser invocado em pleno campo de batalha. A guerra é feita de sentimentos demasiado humanos. A absurda tentativa de colocar a fé fora de sítio alimenta ainda mais o ódio e o gigantesco muro entre o regime autoritário de Netanyahu e o braço armado do Hamas. E, ainda assim, a fé deve ser possível apesar dos que sobre ela semeiam radicalismos.

Líderes de igrejas de diferentes raízes estão a unir-se num apelo comum a orações pela paz. E para quem não acredita em elevar o olhar ao céu, basta acreditar no valor inviolável da vida. O Natal é a utopia dos braços estendidos em simplicidade. A esperança inabalável numa noite feliz. Em que todos são iguais e contam. Em que a mobilização para acudir a quem sofre é inquestionável. Somos muitos os que sentimos como inaceitáveis as agressões diárias cometidas em Gaza. Ou qualquer violação de direitos em qualquer parte do mundo. Somos multidão.

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QOSHE - Natal nos escombros - Inês Cardoso
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Natal nos escombros

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17.12.2023

Nos locais habitualmente cheios de turistas em dezembro, este ano não há sinais de festa. Em Belém, na Cisjordânia, o Natal foi cancelado: não há espaço para o sorriso de um deus eternamente menino. Em Gaza, esventrada por 12 mil toneladas de bombas desde 7 de outubro, já perderam a vida mais de 3200 crianças. Na Cisjordânia a organização internacional Save the Children também já contabiliza a morte de 33 menores.

Uma manjedoura feita de destroços, entre........

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