Os alunos estrangeiros são cada vez em maior número no nosso país, estimando-se em cerca de 12% os estudantes que por cá frequentam as escolas. Se para muitos a língua não é obstáculo, para outros trata-se de uma barreira a derrubar com o apoio fundamental dos professores das escolas públicas portuguesas, locais onde a esmagadora maioria estuda. Em ambas as situações, a inclusão é a premissa de uma educação integral para todos eles.

Em entrevista concedida por mim, e publicada no jornal generalista digital Observador esta semana, a propósito dos alunos estrangeiros que frequentam as escolas portuguesas e de todos os desafios que este fenómeno naturalmente gera, referi o caso de uma aluna proveniente da Ásia (Vietname), sem qualquer conhecimento de outro idioma para além daquele do seu país. Encontrando-a "agarrada" ao telemóvel, procurei informá-la da existência de um programa de auxílio à tradução, e um sonoro "olá" dirigido por mim em direção ao celular transformou-se num "Xin chào", escrito no visor respetivo. A aluna esboçou um sorriso inesquecível de enorme felicidade, e eu...ganhei o ano. "Aquele sorriso fez-me ganhar o ano", referi à jornalista, recordando uma conquista, daquelas que diariamente acontecem nas escolas públicas e nos deixam de coração cheio.

A Escola Pública tem (mais) este desafio para vencer, e está a fazê-lo. O Português Língua Não Materna (PLNM) é uma arma poderosa para ajudar a ultrapassar o obstáculo linguístico inicial, também o da socialização de jovens provenientes de países cujos usos, hábitos e costumes são diferentes dos nossos e que demoram mais a sentir-se parte do grupo e da comunidade escolar.

Portugal é um excelente anfitrião, que acolhe com braços abertos quer quem nos visita, quer quem pretende constituir vida neste belo país. Os alunos portugueses também tiram dividendos destas interações, pois o contacto com discentes nascidos noutros países, enriquece-os culturalmente, abre-lhes horizontes, ajuda-os a ser empáticos.

Não obstante, o trabalho que tem vindo a ser efetuado pelos professores das Escolas Públicas poderá e deverá ser potencializado para obter maior impacto, assim os recursos sejam revistos. É essencial que se aumente o número de horas semanais de PLNM por cada grupo (atualmente 5h semanais) e diminua o número de alunos por cada grupo (atualmente de 10), ou se atribua crédito horário suficiente a cada escola, para que esta o possa gerir de acordo com as especificidades e características dos seus alunos e das necessidades identificadas. Para além do mais, seria um gesto de autonomia e de confiança nos diretores, que lideram de forma abnegada e proficiente as nossas escolas.

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Mais importante que ganhar o ano, será ganhar a vida de muitas crianças e jovens merecedoras de todo o carinho e dedicação.

QOSHE - Ganhar vidas! - Filinto Lima
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Ganhar vidas!

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02.12.2023

Os alunos estrangeiros são cada vez em maior número no nosso país, estimando-se em cerca de 12% os estudantes que por cá frequentam as escolas. Se para muitos a língua não é obstáculo, para outros trata-se de uma barreira a derrubar com o apoio fundamental dos professores das escolas públicas portuguesas, locais onde a esmagadora maioria estuda. Em ambas as situações, a inclusão é a premissa de uma educação integral para todos eles.

Em entrevista concedida por mim, e publicada no jornal generalista digital Observador esta semana, a propósito dos alunos estrangeiros que frequentam as escolas portuguesas e de todos os desafios que este fenómeno naturalmente gera, referi o caso de uma aluna proveniente da Ásia........

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