Nestas últimas semanas tive o privilégio de discutir as tendências para 2024 na política global com uma série de convidados em edições especiais do meu podcast semanal de análise geopolítica e histórica, Cinco Continentes. Recomendo a todos os que ainda não o fizeram que oiçam Ana Gomes sobre a Ásia-Pacífico, José Eduardo Agualusa sobre África, Andrés Malamud sobre a América do Sul, Paulo Portas sobre a América do Norte e Pedro Mexia sobre a Europa. Não vou tentar fazer aqui uma síntese de tudo o que de interessante foi dito, mas vou sublinhar algumas reflexões que me ficaram destas conversas muito ricas resumidas em quatro palavras-chave: guerras, migrações, eleições, exceções.
A maioria dos convidados considerou que estamos num Mundo mais perigoso, mais conflituoso, menos previsível. Porquê? Estamos num processo de transição de poder entre grandes potências, historicamente isso leva sempre a mais guerras diretas ou indiretas. Temos muitos nos EUA inclinados a regressarem à velha tradição isolacionista – na versão mais soft de Biden, ou na versão mais dura de Trump. Esse retraimento, seletivo ou caótico, cria vazios de poder que geram conflitos, com outras potências a lutar por os preencher. Destas potências revisionistas destaca-se a Rússia e o Irão pela sua violência agressiva, e a China pela sua força crescente em múltiplas dimensões, da tecnologia, ao comércio, à marinha de guerra. O grande objetivo destes revisionistas é tornar o Mundo mais seguro para as ditaduras. E podem contar em parte dos seus esforços revisionistas com algumas potências democráticos do Sul global, como a Índia ou o Brasil, ressentidas pela falta de reconhecimento do estatuto que lhes seria devido.
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