Paulo Núncio, vice-presidente do CDS, participou numa sessão pública organizada pela Federação Portuguesa pela Vida, representando, nesse evento, a Aliança Democrática.

A uma pergunta vinda da assistência, sobre a forma como poderá ser revertida a actual lei do aborto, respondeu que isso somente seria possível através de um novo referendo, tendo em conta que aquele diploma foi referendado pelos portugueses.

Em momento algum defendeu a necessidade de se proceder a novo referendo, até porque esse assunto não consta no programa eleitoral da coligação que estava a representar, razão porque não vinculou a AD a nenhum objectivo que tivesse em mente alterar a lei vigente relativa ao aborto.

No entanto, de imediato quase toda a imprensa, e com especial incidência os comentadores televisivos, passaram a errada e tendenciosa notícia de que Paulo Núncio defendera um novo referendo para reverter a lei do aborto.

Os partidos de esquerda, em uníssono, vieram logo a terreiro gritar que os direitos das mulheres estavam a ser postos em causa, porque a AD tem como intenção alterar a actual lei através de um referendo.

Eduardo Oliveira Sousa, cabeça de lista da AD por Santarém, num comício daquela coligação alertou para a insegurança que se vive nos campos, provocada pelos muitos furtos que ultimamente têm ocorrido, disposição que tem levado ao desespero dos agricultores.

Deixou um aviso, no sentido de se tomarem medidas urgentes antes que a situação se descontrole, o de que tem conhecimento de que alguns agricultores falam já em criar milícias armadas para combater a vaga de assaltos.

Em momento algum defendeu a ideia de se criarem essas milícias, apenas alertou para o facto do assunto ser falado entre muitos agricultores.

No entanto, este comentário foi o suficiente para que a generalidade da imprensa, com os comentadores televisivos à cabeça, tenha difundido mais uma falsidade, a de que o cabeça de lista da AD por Santarém defendera a criação de milícias armadas para combater a insegurança nos campos.

Os partidos da esquerda aproveitaram a deixa e, num piscar de olhos, vieram denunciar a intenção da AD de fomentar o aparecimento de milícias armadas no País.

Pedro Passos Coelho, ao discursar no único comício da AD em que, até agora, marcou presença, concordou com a entrada de imigrantes em Portugal, considerando-a vital para o preenchimento de uma mão-de-obra cada vez mais escassa, mas criticou a política de imigração descontrolada que a governação socialista tem conduzido, desvario que tem provocado um sentimento de insegurança junto das populações.

Os diversos órgãos de imprensa, e em particular praticamente todos os comentadores televisivos, vieram logo procurar desmentir as afirmações do antigo primeiro-ministro, avançando com dados oficiais relativos à criminalidade e concluindo não haver qualquer relação entre esta e o aumento da imigração.

Mais uma vez, foram falaciosos ao confundirem, certamente intencionalmente, a insegurança, que não pode ser apurada através de estatísticas objectivas, com a criminalidade, essa sim monitorizada com base nas queixas apresentadas junto das Polícias.

Os partidos da esquerda, pois claro, basearam-se nesta mentira descarada, orquestrada por uma imprensa vendida aos interesses do Largo do Rato e atolada de trotskistas burgueses, para acusarem a AD de racismo e xenofobismo, para além dos outros costumeiros mimos com que vomitam a toda a hora, decretando que a coligação liderada por Luís Montenegro é contra a imigração e, em caso de vitória, se prepara para impedir a entrada de mais imigrantes em solo nacional.

No ano em que passa meio século da queda do Estado Novo, data que o regime se prepara para comemorar com pompa e circunstância, convém recordar que a censura vigente até 1974 se baseava em não difundir notícias consideradas ofensivas para o poder de então.

Hoje, época em que, supostamente, vivemos numa plena democracia, a censura está bem mais activa do que a que vigorava no tempo da outra senhora. A censura refinou-se e agora caracteriza-se por inventar notícias, com o propósito de desacreditar quem não está alinhado com as ideias apregoadas por Marx e pelos seus discípulos.

E tal como em tempos idos, também no presente a censura procura apagar qualquer pensamento que não esteja em consonância com o decretado pelos ideólogos do regime.

Na verdade, os vários órgãos de comunicação social estão nas mãos da esquerda, sendo que a isenção e a imparcialidade são regras que os jornaleiros dos tempos modernos ignoram por completo.

A maioria dos comentadores que enchem as várias televisões em horário nobre estão comprometidos com os partidos da esquerda, grande parte deles não esconde sequer a euforia pelos ideais mais extremistas, sendo que os que se movimentam à direita do PS não se permitem pensar pela sua cabeça, mas sim deixam-se aliciar pelo politicamente correcto e seguem a linha de orientação imposta pelas redacções de quem dependem.

Na área da direita conservadora o esvaziamento é quase total, contexto que indicia a ausência de um efectivo pluralismo no jornalismo de informação.

As várias televisões interferem, de forma grosseira, no processo eleitoral em curso, prática que se revela violadora do princípio democrático de a todos os partidos ser concedido o mesmo tipo de tratamento de quem tem a responsabilidade de informar o público das novidades evidenciadas nas diversas campanhas.

A título de exemplo, registe-se que esta semana, a escassos dias do acto eleitoral, a TVI abriu os seus principais serviços noticiosos com uma peça, a que deu um destaque inusitado, referindo-se a alegadas irregularidades com o financiamento do Chega.

Uma notícia com barbas, mas que, convenientemente, é explorada apenas nas vésperas de os portugueses irem às urnas.

Se dúvidas houvesse, ficaram definitivamente dissipadas: as televisões entraram no jogo eleitoral, desempenhando um papel activo que deveria estar destinado, em exclusivo, a quem vai a votos!

QOSHE - As mentiras dos comentadores - Pedro Ochôa
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As mentiras dos comentadores

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07.03.2024

Paulo Núncio, vice-presidente do CDS, participou numa sessão pública organizada pela Federação Portuguesa pela Vida, representando, nesse evento, a Aliança Democrática.

A uma pergunta vinda da assistência, sobre a forma como poderá ser revertida a actual lei do aborto, respondeu que isso somente seria possível através de um novo referendo, tendo em conta que aquele diploma foi referendado pelos portugueses.

Em momento algum defendeu a necessidade de se proceder a novo referendo, até porque esse assunto não consta no programa eleitoral da coligação que estava a representar, razão porque não vinculou a AD a nenhum objectivo que tivesse em mente alterar a lei vigente relativa ao aborto.

No entanto, de imediato quase toda a imprensa, e com especial incidência os comentadores televisivos, passaram a errada e tendenciosa notícia de que Paulo Núncio defendera um novo referendo para reverter a lei do aborto.

Os partidos de esquerda, em uníssono, vieram logo a terreiro gritar que os direitos das mulheres estavam a ser postos em causa, porque a AD tem como intenção alterar a actual lei através de um referendo.

Eduardo Oliveira Sousa, cabeça de lista da AD por Santarém, num comício daquela coligação alertou para a insegurança que se vive nos campos, provocada pelos muitos furtos que ultimamente têm ocorrido, disposição que tem levado ao desespero dos agricultores.

Deixou um aviso, no sentido de se tomarem medidas urgentes antes que a situação se descontrole, o de que tem........

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