“Não existe dinheiro público. Existe apenas dinheiro do pagador de Impostos.” Esta frase lapidar de Margaret Thatcher faz-me lembrar uma história que, qualquer semelhança com a realidade, é pura coincidência.

Era uma vez um país que estava a passar por crises económicas e políticas. A classe média, sempre tão resiliente, estava a ser duramente afectada por altas taxas de impostos e incertezas sobre seu futuro financeiro. Era como se estivessem a ser sufocados, com cada vez menos recursos para sustentar as famílias e garantir um mínimo de estabilidade e previsibilidade.

No meio desse caos, um economista renomado surgiu com uma teoria revolucionária, conhecida como a curva de Laffer, onde afirma que existe um ponto óptimo de tributação para maximizar a receita do governo. Segundo ele, a carga tributária sobre os cidadãos poderia atingir um ponto em que, ao invés de aumentar a arrecadação, resultaria na diminuição da mesma. Parecia uma luz no fim do túnel para a classe média, que esperava ansiosamente por medidas que aliviassem seu fardo financeiro.

Com base nessa teoria, o governo decidiu implementar uma série de cortes de impostos, principalmente para os mais ricos. A ideia era estimular o crescimento económico e, consequentemente, aumentar a arrecadação de forma mais eficiente. Parecia uma solução perfeita, capaz de trazer alívio para aqueles que mais precisavam. No entanto, a realidade não correspondia às expectativas.

À medida que os cortes de impostos eram implementados, a classe média percebia que pouco ou nada mudava na sua vida. As prometidas melhorias económicas pareciam distantes, enquanto seus próprios recursos continuavam a escassear.

Afinal, quem se estava a beneficiar com os cortes dos impostos? Certamente não era a classe média. Os mais ricos, que deveriam ser o motor do crescimento económico, pareciam estar a acumular mais riqueza sem repassar os benefícios esperados para o restante da sociedade.

A prometida melhoria da economia não se materializou, enquanto a desigualdade social e económica só parecia se acentuar. Isso ocorre porque a classe média geralmente possui uma renda “relativamente alta”, mas não o suficiente para se beneficiar de isenções fiscais ou outras formas de alívio fiscal destinadas aos mais ricos.

Portanto, se a matriz de impostos se alterar a um nível em que a classe média seja fortemente tributada, isso pode resultar em uma diminuição de seu poder de compra, redução da poupança e investimento e até mesmo em dificuldades financeiras significativas.

Era uma vez uma boa ideia que se havia se transformado num pesadelo para a classe média. Portanto, seria preciso repensar as políticas económicas e tributárias… Falharam porque não levaram verdadeiramente em consideração as necessidades da classe média e não encontraram soluções mais equilibradas e mais justas.

Nessa parte da história dizem que não correu bem devido aos chamados “jogos políticos, eleições e bastidores” … Enfim, histórias! Que pena ser uma história triste, gosto mais de histórias em que foram felizes e prósperos para sempre, mas na realidade é um óptimo lembrete.

A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.

QOSHE - Da prosperidade à adversidade, uma história da curva de Laffer - Naiole Cohen
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Da prosperidade à adversidade, uma história da curva de Laffer

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12.04.2024

“Não existe dinheiro público. Existe apenas dinheiro do pagador de Impostos.” Esta frase lapidar de Margaret Thatcher faz-me lembrar uma história que, qualquer semelhança com a realidade, é pura coincidência.

Era uma vez um país que estava a passar por crises económicas e políticas. A classe média, sempre tão resiliente, estava a ser duramente afectada por altas taxas de impostos e incertezas sobre seu futuro financeiro. Era como se estivessem a ser sufocados, com cada vez menos recursos para sustentar as famílias e garantir um mínimo de estabilidade e previsibilidade.

No meio desse caos, um economista renomado surgiu com uma teoria revolucionária, conhecida como a curva de Laffer, onde afirma que existe um ponto óptimo de tributação para maximizar a receita do governo. Segundo ele, a........

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