A ascensão da extrema-direita, assim como do populismo, são fenómenos com os quais as democracias ocidentais têm contactado na última década.

Dentro da respetiva complexidade, temos verificado que o eleitorado, desde a Polónia até aos Países Baixos, da Itália à França, tem apoiado mensagens que muitos colocam como mensagens de extrema-direita, sejam eles comentadores políticos, signatários dos manifestos em questão ou politólogos.

Esta ascensão resulta de um grande balão de causas. Desde a colagem de casos de corrupção aos partidos que suportaram opções governativas, passando pela vergonha com que muitos assuntos são não-tratados pelos partidos maioritários, até a fenómenos ligados ao desemprego de determinados conjuntos de eleitores, resta ainda o conjunto de causas ligadas ao carisma de determinados líderes vendido por determinados canais informativos, assim como todo um contexto informativo que sublima certos dossiers (como a inoperância das instituições, a criminalidade ou o enriquecimento ilícito).

Qual a reação dos outros partidos? Tem sido estruturada em três opções. A primeira é meter ainda mais medo junto da população. A segunda opção é vitimizarem-se perante as críticas das forças emergentes. Finalmente, infantilizam-nas.

No entanto, há uma preocupação maior em redor de todo este fenómeno. O eleitorado sempre fugiu para aqueles que apontam soluções para os seus problemas, que as apontam de um modo acessível e concretizável. Dentro do “leilão de soluções”, o eleitorado move-se de uma banca para outra, de determinado centroide político-partidário para outro centroide. Mas o que acontece quando o eleitorado deixa de ter opções no espetro partidário? Se não encontra as soluções no centro, vai-se movendo para as periferias políticas. E quando já não se sente acolhido nestas áreas de extremos, o que lhe resta? Aquilo que Hirschmann invocava na década de 1960 - ou resignar, desinteressando-se da causa pública, ou então revolucionar-se contra o sistema político.

QOSHE - Depois do extremismo, a revolução - Paulo Reis Mourão
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Depois do extremismo, a revolução

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04.01.2024

A ascensão da extrema-direita, assim como do populismo, são fenómenos com os quais as democracias ocidentais têm contactado na última década.

Dentro da respetiva complexidade, temos verificado que o eleitorado, desde a Polónia até aos Países Baixos, da Itália à França, tem apoiado mensagens que muitos colocam como mensagens de extrema-direita, sejam eles comentadores políticos, signatários dos manifestos em questão ou politólogos.

Esta ascensão resulta de um grande balão de causas. Desde........

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