Haverá ainda alguma réstia de esperança de Israel cessar a ofensiva em Gaza antes de o território ficar destruído por completo? Poucos acreditam. Depois de Rafah, que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ameaça devastar, se até 10 de março todos os reféns nas mãos do Hamas não forem libertados, o que mais faltará arrasar? O dia 11 de março poderá ser o primeiro dia a seguir à guerra, porque nada mais restará para destruir.
Já se percebeu que Netanyahu, por convicção ou por estar refém dos interesses da ala mais conservadora e extremista de Israel, não ouve ninguém. Quantas vezes disse Antony Blinken, secretário da defesa norte-americano, que Israel está a extravasar na força. Quantas vezes Joe Biden alertou para o perigo de os direitos humanos não estarem a ser respeitados? Inúmeros alertas, nenhum resultado: batem sempre na indiferença do chefe do Governo de Israel.
Serão verdadeiras as palavras de Blinken e de Biden? Essa questão deve ser, legitimamente, colocada. Veio a público, na semana passada, a aprovação no Senado norte-americano de um pacote de 95 mil milhões de ajuda à Ucrânia, que eventualmente será chumbado pelos republicanos na Câmara dos Representantes. No meio desse pacote de ajuda a Kiev, estavam muitos milhares de milhões de ajuda ao regime israelita, contribuição a que, por certo, os republicanos darão luz verde - pois, no que diz respeito ao Estado judaico, as diferenças entre os dois partidos desaparecem.
Os Estados Unidos não podem vir a público condenar a agressão aos palestinianos, verdadeiramente encurralados na Faixa de Gaza, e, ao mesmo tempo, pagar as armas que os irão matar. Essa é a suprema hipocrisia.