Num mundo que orbita em torno de convenções velhamente estabelecidas, dedicar um único mês e único dia à celebração das mulheres - enquanto os restantes 364 dias e 11 meses parecem, por convenção não declarada, pertencer aos homens - suscita uma reflexão profunda sobre a justiça e a igualdade de género.
A designação de 8 de março como o Dia Internacional da Mulher, longe de ser um favor, é um sublinhado contundente da luta contínua das mulheres por reconhecimento, igualdade e justiça em todas as esferas da vida.
Celebrar as mulheres apenas um dia por ano minimiza as contribuições contínuas e indispensáveis das mulheres para a sociedade, ciência, economia, arte, política e muito mais. É um dedo na ferida lembrando que as conquistas e as lutas das mulheres ainda são vistas como anexos, e não como partes integrantes da narrativa humana.
Alargar as celebrações do Dia da Mulher é mais do que apenas marcar mais dias no calendário; é reconhecer que a igualdade de género não pode ser relegada a um evento anual, mas deve ser um princípio intrínseco em todas as ações, políticas e discursos quotidianos.
Essa expansão das celebrações tem de servir como um impulso para a implementação de políticas mais eficazes que promovam a igualdade de género, combatam a violência contra as mulheres, assegurem salários iguais para trabalho igual e garantam que as mulheres têm representação equitativa em posições de liderança e tomada de decisão.
Em vez de considerar o Dia Internacional da Mulher como uma concessão, deve-se vê-lo como um ponto de partida para reflexão e ação contínua.
A luta pela igualdade de género é uma luta diária, uma jornada de reconhecimento constante das contribuições das mulheres à Humanidade, desafiando estereótipos, quebrando barreiras e construindo uma sociedade onde a igualdade não seja apenas celebrada uma dia e um mês a cada ano.