Há ainda bem poucos dias foi entregue o prémio investigação médica CRNOM/Banco Carregosa numa parceria entre o Conselho Regional Norte da Ordem dos Médicos e o Banco Carregosa que muito generosamente patrocina esta distinção desde 2016, e que se tem revelado um importante impulsionador da já avançada investigação científica médica em Portugal. A atribuição deste prémio é decidida por um júri composto por personalidades e médicos de reputação e prestígio incontestáveis, tendo sido desta vez presidido pelo sr. dr. Paulo Portas.

Entre as várias dezenas de candidaturas de excelentes trabalhos, este ano a escolha recaiu sobre o projeto de uma vasta equipa liderada pelo professor doutor Miguel Mascarenhas, um promissor jovem médico, investigador, especialista em gastroenterologia, que desenvolveu um processo de identificação de precursores de cancro anal em anoscopia de alta resolução.

Este mesmo trabalho tinha já sido galardoado com outro prémio internacional, o ACG Auxiliary Award, atribuído pelo Colégio Americano de Gastroenterologia em 2022, e em 2023 recebeu também o prémio de melhor apresentação no Congresso Mundial de cancro anal.

De acordo com esta equipa portuguesa, e na sequência do desenvolvimento do seu trabalho, encontram-se criadas oito tecnologias de inteligência artificial em gastroenterologia, implementadas em vários continentes, designadamente na NYU Langone Health, considerado o terceiro melhor hospital dos USA, no Hospital Paris Saint-Joseph e no Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, no Brasil.

Não restam dúvidas de que a inteligência artificial representa um fator determinante e condicionante para ao futuro da Humanidade, podendo vir a desempenhar um papel crucial nas políticas de saúde, formulando estratégias preventivas e terapêuticas que aperfeiçoarão a tomada de decisões e permitirão uma alocação mais eficiente de recursos e uma resposta mais ágil a emergências de saúde pública.

Tudo somado, poder-se-á antever na saúde uma mudança abismal com ganhos muito significativos. O meu desejo é que Portugal saiba apanhar esta oportunidade e participe neste progresso de forma ativa e consequente. Os recursos humanos ainda cá estão, e prometem, devendo por isso tudo ser feito para que cá continuem. Convém recordar que no passado recente, apesar das excelentes capacidades humanas, fomos dos últimos países da Europa a adotar a cirurgia robótica, muito importante para a segurança e para a precisão das intervenções cirúrgicas. Esperemos que desta vez tal não aconteça.

O novíssimo SNS, que vai naturalmente surgir na sequência deste falido SNS, terá de ter obrigatoriamente como prioridades os novos recursos disponíveis que nos oferecem a digitalização, e a inteligência artificial.