Vive-se um momento de esperança no setor da saúde, sendo, contudo, importante destacar que esperança não deve ser confundida com complacência.

A atual equipa de governação da saúde tem merecidos créditos e irá certamente desempenhar um papel fundamental na garantia de um sistema eficiente e acessível para todos, e será a principal responsável por tomar decisões estratégicas, por mandar implementar as políticas de saúde, bem como monitorizar a prestação dos cuidados. Este cenário tem despertado um sentimento de otimismo, sendo por isso importante demonstrar que se pode acreditar na mudança e que existe empenhamento e compromisso sério na promoção da inovação e do avanço tecnológico.

Muito se tem falado na telemedicina, sem dúvida uma ferramenta que se revelou valiosa durante a pandemia. Mas temos de ir mais além, porque o desconhecimento natural do uso de recursos tecnológicos, como computadores e acesso à Internet, faz com que esta utilidade não seja equitativamente acessível a todos, nomeadamente a idosos isolados pela distância, pela pobreza ou pela iliteracia.

A Saúde, ao invés de ficar parada à espera que a procurem, pode e deve ir, regularmente, ao encontro dos que mais dela necessitam. Neste país de população envelhecida, com poucos nascimentos e poucos jovens, também devem ser encontradas soluções alternativas à telemedicina, que não dependam do acesso à Internet ou de tecnologias complexas.

Os mais idosos, de parcos recursos, que se envergonham de pedir, mas que representam não raras vezes a verdadeira pobreza envergonhada deste país, merecem a nossa atenção, e não têm tido voz. Eles, e os que vivem longe dos grandes centros, enfrentam inúmeras dificuldades quando se trata de prevenir doenças e realizar exames. Essa falta de acesso a serviços de saúde adequados leva a atrasos nos diagnósticos, com consequências graves. Alguns vivem em áreas rurais e são obrigados a percorrer longas distâncias para chegar a um hospital, o que representa um desafio, para quem tem mobilidade reduzida. A ausência de transporte público confiável obriga-os a recorrer ao pagamento de transportes privados pouco acessíveis aos frugais rendimentos de toda uma vida de trabalho honesto.

Será que os PRR também chegarão aos idosos “excluídos” deste país?!

Como não fazem ruído e não pertencem a nenhuma das minorias da moda, não se luta pelos seus direitos nem se fala neles...

E isto tem de ser dito publicamente, porque vivemos um tempo em que temos Luís Montenegro, um primeiro-ministro humanista e, portanto, sensível às questões sociais! É fundamental que sejam tomadas medidas que proporcionem oportunidades iguais de cuidados para todos, independentemente da sua idade, recursos financeiros ou localização geográfica.

Ali, onde o silêncio ecoa, é tempo de não deixar ninguém para trás!

QOSHE - Que ninguém fique para trás… - Eurico Castro Alves
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Que ninguém fique para trás…

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09.04.2024

Vive-se um momento de esperança no setor da saúde, sendo, contudo, importante destacar que esperança não deve ser confundida com complacência.

A atual equipa de governação da saúde tem merecidos créditos e irá certamente desempenhar um papel fundamental na garantia de um sistema eficiente e acessível para todos, e será a principal responsável por tomar decisões estratégicas, por mandar implementar as políticas de saúde, bem como monitorizar a prestação dos cuidados. Este cenário tem despertado um sentimento de otimismo, sendo por isso importante demonstrar que se pode acreditar na mudança e que existe empenhamento e compromisso sério na promoção da inovação e do avanço tecnológico.

Muito........

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