Já temos um Governo e uma ideia parece ser evidente: formado por gente com capacidade política e mesmo os que apresentam perfil técnico evidenciam experiência política.

Será um Governo dividido entre o Parlamento e a rua. Um Governo com uma Direita dura, a querer cavalgar uma onda de descontentamento, e uma Esquerda radical que não concede o benefício da dúvida. Pelo meio estará o PS a querer recuperar da pausa do poder e preparar-se para um estágio na Oposição.

A experiência europeia de alguns ministros pode ajudar a enfrentar um dos próximos desafios do primeiro-ministro que serão as eleições europeias onde o eleitorado poderá já dar sinais de um novo posicionamento.

Depois terá ainda um enorme obstáculo que será fazer aprovar o Orçamento do Estado para 2025.

Algumas críticas têm sido feitas à composição do Governo, no qual existia uma grande ausência de elementos da sociedade civil e seria mesmo excessivamente partidário.

Devemos ter em consideração que o próprio ambiente político exige personalidades devidamente preparadas para o desgaste do exercício do poder. De qualquer forma muitos dos elementos que integram este Governo são portadores de experiência em instituições da sociedade civil, cujo melhor exemplo será o da ministra da Saúde ou mesmo do ministro da Educação.

Quanto ao núcleo duro do Governo refletir a estrutura mais próxima do primeiro-ministro e da sua comissão política, não me parece existir aqui nenhuma dificuldade. Os ministros da Presidência e dos Assuntos Parlamentares aliam à experiência política a sensibilidade da academia e das empresas.

É um Governo que vai enfrentar um novo ciclo político e inaugura uma nova maneira de estar na política. Desde logo, o questionário sobre as situações mais incómodas de conflitos de interesse elimina a possibilidade de existir problemas com a Justiça ou de outra natureza, que favorecem remodelações sempre prejudiciais.

O Governo parte com a certeza de que os tempos não se repetem porque a sociedade mudou imenso. Hoje não estamos em 1985, onde o Mundo era mais equilibrado, vivíamos a expectativa de entrar na Europa e os portugueses não conheciam a TV privada ou as redes sociais. Agora vivemos tempos diferentes, o Mundo está num ambiente de conflitos na Europa, no Médio Oriente ou no Pacífico, elevamos o nosso nível de vida e sabemos ser mais reivindicativos.

Compete ao Governo ser uma alternativa, do espaço não socialista, provando que é possível fazer melhor e diferente, não sendo necessário impor políticas de austeridade. Basta estar preocupado com as pessoas e governar para elas.

A ver vamos!

QOSHE - O Governo - António Tavares
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O Governo

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04.04.2024

Já temos um Governo e uma ideia parece ser evidente: formado por gente com capacidade política e mesmo os que apresentam perfil técnico evidenciam experiência política.

Será um Governo dividido entre o Parlamento e a rua. Um Governo com uma Direita dura, a querer cavalgar uma onda de descontentamento, e uma Esquerda radical que não concede o benefício da dúvida. Pelo meio estará o PS a querer recuperar da pausa do poder e preparar-se para um estágio na Oposição.

A experiência europeia de alguns ministros pode ajudar a enfrentar um dos próximos desafios do primeiro-ministro que serão as eleições europeias onde o eleitorado poderá já dar sinais........

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