O conflito entre a Ucrânia e a Rússia já fez dois anos. Dois anos onde um povo tem sofrido os ataques constantes de um regime autocrático e cínico. Nessa fronteira entre a Ucrânia e a Rússia também se joga o futuro da Europa.
Uma Europa que parece agora acordar para novos problemas na área da política externa e da defesa. Despertada pela anormalidade dos comentários de Trump e pelas arbitrariedades de Putin, a União Europeia percebeu agora que os 2% do PIB de cada estado-membro podem mesmo ser a diferença entre a liberdade e a autocracia.
Tudo isto vem a propósito da célebre máxima de Paul Samuelson do conflito de escolhas, que se costuma estudar na economia política, entre a manteiga e os canhões, ou seja das opções entre investir em bens de consumo ou em armamento.
Esta dicotomia no discurso político, que os populistas adoram explorar demagogicamente, acentua-se numa altura em que o euro, essa moeda europeia, se prepara para celebrar 25 anos. São já vinte os estados-membros que formam a Zona Euro. Curiosamente entre os que estão de fora encontramos a Dinamarca, a Suécia, por razões mais de soberania, e a Leste a Polónia, a Hungria, a Chéquia, a Bulgária e a Roménia. Todos integram a NATO e compreendem que o chapéu da Aliança Atlântica e a União Europeia os protegem da fúria russa.
Nunca como agora a Europa viveu um desafio tão exigente na expectativa dos resultados das eleições presidenciais nos EUA.
A moeda única talvez esteja a fazer pela ideia europeia aquilo que a política de defesa na sua forma de segurança e cooperação ainda não conseguiu atingir.
Num momento em que vamos realizar eleições para o Parlamento Europeu, estará em cima da mesa este debate a propósito de a opção ser entre a manteiga ou os canhões.
O exemplo ucraniano parece-nos afirmar que ambos serão necessários para se assegurar uma coesão económica e social na construção de uma Europa que parece que vai do Atlântico, mas não chega aos Urais.
Líderes como Kohl ou Mitterrand explicaram a importância do consenso na política e a decisão no aproveitamento da oportunidade para se poder construir a Europa. Dois anos de guerra entre a Ucrânia e a Rússia só nos ajudam a compreender a importância da moeda única como um sinal evidente de que os nacionalismos só conduzem à guerra e a partilha da soberania poderá ser o sinónimo da paz.
O nosso tempo parece que não pode esquecer aquela máxima romana: “se queres a paz prepara a guerra”.
Canhões ou manteiga?
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29.02.2024
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia já fez dois anos. Dois anos onde um povo tem sofrido os ataques constantes de um regime autocrático e cínico. Nessa fronteira entre a Ucrânia e a Rússia também se joga o futuro da Europa.
Uma Europa que parece agora acordar para novos problemas na área da política externa e da defesa. Despertada pela anormalidade dos comentários de Trump e pelas arbitrariedades de Putin, a União Europeia percebeu agora que os 2% do PIB de cada estado-membro podem mesmo ser a diferença entre a liberdade e a autocracia.
Tudo isto vem a propósito da célebre máxima de Paul Samuelson do........
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