As reações ao congresso de Pedro Nuno Santos pecam por escassa originalidade e excesso de exagero. Nos corredores da oposição ouvem-se palavras como “radicalismo”, “impreparação”, até “insanidade”, quando o discurso de Pedro Nuno teve muito de consensual e pouco de verdadeiramente ideológico. A sua maior debilidade não é a falta de experiência governativa, mas os erros que cometeu no Governo. A resposta da direita à sua consagração, em vez de se focar nesses desaires, hiperbolizou ao ponto de parecer distante da realidade que reclama.
Uma eurodeputada do PSD afirmou mesmo que o recém-eleito secretário-geral do PS promete “uma espécie de planos quinquenais à maneira soviética”, algo, segundo a parlamentar, “digno de regimes totalitários”, quando a União Europeia, que qualquer eurodeputado conhece, não tem feito outra coisa que não privilegiar investimentos dedicados à transição climática, energética e digital, sendo a priorização de sectores — os ditos clusters — prática comum em economias evoluídas. Sobre a medida de Pedro Nuno para as rendas — indexá-las ao aumento de rendimentos — não se ouviu crítica ou concretização. De resto, da integração de dentistas no SNS ao salário mínimo nos mil euros — curiosamente menos do que oferece Montenegro —, o PS só ganhou centímetros e decibéis. Não ideologia.
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