De repente, o país parece uma pantomina. Nada de novo, dir-se-á. Promiscuidade no trânsito entre governantes e empresas nos setores que antes dirigiram, isso é a história da vida nacional, veja-se a saúde. Empresários e projetos com via verde junto dos gabinetes tem sido a forma de agir que é considerada mais conveniente. Exibição do poder dos intermediários, facilitadores e escritórios da especialidade para tornarem mais expeditas as privatizações e concessões, isso é o mercado no seu esplendor, e não haverá depois ninguém que se lembre de ter começado os desastres da venda dos CTT, da PT, da EDP ou da GALP, ou a entrega da TAP a Neeleman.
As grandes vitórias do mercado serão sempre tão resplandecentes como anónimas. Comissões e envelopes de dinheiro não serão novidade, pois não? Processos judiciais sobre questões cruciais para a democracia serem geridos por fugas de informação, condenações mediáticas e suspeitas sem investigação tem sido o pão nosso de cada dia.
Comunicação repetitiva sobre grandes furos que são extratos de conversas que não podem ser verificadas continua a ser um comércio entre alguns magistrados e a imprensa populista que faz as delícias de uns e outros. Nuvens de poeira, como se um subsídio legal para um festival de música fosse comparável ao negócio das barragens, já vimos disto – e num caso uma pessoa foi detida e no outro as autoridades mobilizaram toda a artilharia para evitar cobrar o imposto de lei. Tudo igual.
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