Assinalando-se hoje o Dia Mundial da Justiça Social, importa refletir sobre esta data, sobretudo quando estamos a pouco mais de duas semanas das importantes eleições legislativas de 10 de março.

A comemoração deste dia foi criada pela Assembleia Geral Das Nações Unidas em 2007, celebrada anualmente desde 2009 e recomenda que seja feita uma reflexão profunda sobre a erradicação da pobreza, a promoção do trabalho digno, a igualdade de género e o respeito pela diferença.

Implementar a prática da justiça social pressupõe, deste modo, o princípio da igualdade de todos os seres humanos, que lhes sejam garantidos os direitos básicos de saúde, educação, justiça e trabalho e a remoção de barreiras de natureza étnica, cultural, religiosa ou quaisquer outras.

O Dia Mundial da Justiça Social recorda-nos quão urgente é construir sociedades mais equitativas e, este ano, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) leva a efeito uma série de realizações nas principais cidades do mundo, com o objetivo de colocar a justiça social no centro das agendas políticas.

Quando as grandes desigualdades no mundo persistem e se acentuam, fruto do ódio, da ganância e do dinheiro, importa pensar no sofrimento de milhões de seres humanos, incluindo velhos e crianças, que nada têm e que diariamente lutam pela sobrevivência. Importa pensar nas causas e nas consequências dos conflitos e das guerras que enfraquecem os propósitos de construir sociedades mais justas e solidárias. Importa pensar, apesar das dificuldades e de todos os obstáculos, nos possíveis caminhos da paz.

Este é um exercício a que ninguém se deve furtar, particularmente entre nós, quando se avizinha um ato eleitoral que condicionará de modo indelével o nosso futuro coletivo.

É tempo de escrutinar a ação dos partidos e das coligações no passado e balizar as promessas que fazem no presente.

É tempo de analisar com realismo o conteúdo dos diversos programas e discernir com lógica e pragmatismo.

É tempo de fechar os olhos e os ouvidos a compromissos estéreis, populistas e demagógicos.

É tempo de agir sem complexos e com a clareza dos sábios.

É tempo de avaliar os protagonistas e de verificar a sua credibilidade.

Em 10 de março, mais do que eleições para uma nova Assembleia da República e um novo governo, definir-se-á o rumo de Portugal para os próximos anos, quiçá para as próximas décadas.

Frente a frente estarão dois distintos modelos. Um protagonizado pelo Partido Socialista (PS), liderado por Pedro Nuno Santos e que, se precisar, não se coibirá de chamar para a governação o Bloco de Esquerda (BE) e o Partido Comunista (PCP). Um outro, que tem como principal personagem Luís Montenegro, que encabeça a Aliança Democrática (AD), que congrega PSD, CDS/PP, PPM e muitos independentes.

Dois distintos modelos que podemos comparar pelo histórico do passado.

O primeiro, de que o exemplo mais recente são os últimos oito anos de governação do PS, onde a estatização prolifera a diferentes níveis e a economia cresce a valores que nos vão deixando para trás, comparativamente a outros países que integram a União Europeia e que aderiram bem mais tarde do que nós. Um crescimento insuficiente para combater a pobreza que ainda ronda cerca de um terço da população portuguesa.

O segundo, de que o exemplo mais próximo foi a governação de Passos Coelho e Paulo Portas nos anos da “troika” que teve a missão de retirar o país da bancarrota trazida pela mão de José Sócrates, quando esteve à frente do PS e do governo. Uma incumbência bem difícil, atendendo ao estado em que se encontravam as finanças públicas e às exigências de austeridade impostas pelos credores (FMI/BCE/EU) que nos fizeram os empréstimos necessários a cumprirmos com as nossas obrigações. Um encargo que exigiu sacrifícios compreendidos por boa parte dos portugueses, que nem por isso lhes deixou de dar a vitória nas eleições de 2015, revertida por António Costa. Este obteve o apoio dos partidos à sua esquerda para formar governo, que para a história ficou conhecido por “geringonça”.

No tempo que resta para as importantes eleições legislativas de 10 de março, é tempo de apelar ao voto, de ajuizar e decidir.

QOSHE - NO DIA MUNDIAL DA JUSTIÇA SOCIAL – Uma reflexão que se impõe - J. M. Gonçalves De Oliveira
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NO DIA MUNDIAL DA JUSTIÇA SOCIAL – Uma reflexão que se impõe

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20.02.2024

Assinalando-se hoje o Dia Mundial da Justiça Social, importa refletir sobre esta data, sobretudo quando estamos a pouco mais de duas semanas das importantes eleições legislativas de 10 de março.

A comemoração deste dia foi criada pela Assembleia Geral Das Nações Unidas em 2007, celebrada anualmente desde 2009 e recomenda que seja feita uma reflexão profunda sobre a erradicação da pobreza, a promoção do trabalho digno, a igualdade de género e o respeito pela diferença.

Implementar a prática da justiça social pressupõe, deste modo, o princípio da igualdade de todos os seres humanos, que lhes sejam garantidos os direitos básicos de saúde, educação, justiça e trabalho e a remoção de barreiras de natureza étnica, cultural, religiosa ou quaisquer outras.

O Dia Mundial da Justiça Social recorda-nos quão urgente é construir sociedades mais equitativas e, este ano, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) leva a efeito uma série de realizações nas principais cidades do mundo, com o objetivo de colocar a justiça social no centro........

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