Já faltam poucos dias para a grande decisão!

No próximo domingo os portugueses têm oportunidade de escolher a composição da nova Assembleia da República, do novo Primeiro-ministro e do novo Governo de Portugal.

Há alguns meses muito poucas pessoas imaginavam que este facto de grande relevância iria ter lugar tão precocemente, embora a degradação do atual governo do Partido Socialista (PS), apoiado por uma maioria absoluta no parlamento, refém de sucessivas demissões e de uma diversidade de casos que o mutilavam e enfraqueciam, o pudesse fazer prever.

O pedido de demissão de António Costa, resultante das suspeitas de corrupção sobre membros do seu gabinete, terá sido apenas a justificação para se livrar do dever de continuar a gerir os destinos do país, tão grande era a balbúrdia no seio do seu governo. Deste modo, ficava ainda liberto para encetar novos voos nos órgãos da União Europeia, sendo o lugar de Presidente do Conselho Europeu o mais apontado por alguns dos seus correligionários.

Aqui chegados, não restava ao Presidente da República outra opção que não fosse a dissolução do parlamento e a convocação de eleições legislativas antecipadas, sobretudo depois de ter assumido o compromisso de não viabilizar outro governo se António Costa abandonasse o cargo.

A história diz-nos que em 50 anos de democracia, quando o Partido Socialista governa e o país vive em sobressalto o desfecho é sempre semelhante. Foi assim com António Guterres e com José Sócrates. Foi também com governos do PS que Portugal teve de pedir ajuda financeira externa para evitar a bancarrota em 1977, em 1983 (governo do bloco central liderado pelo PS) e, mais recentemente, em 2011. Medidas as indispensáveis diferenças entre estes períodos, eles não deixam de constituir nódoas negras na nossa existência de mais de oito séculos.

No auge da campanha eleitoral que se avizinha do fim, quando muitos esclarecimentos de alguns atores políticos são toldados por mentiras, falsidades e promessas ilusórias numa amálgama que em vez de esclarecer confunde, urge reavivar a memória.

Urge reavivar a memória de quantos facilmente se esquecem do passado e se deixam embalar pela demagogia estéril e pelo populismo sedutor.

Importa lembrar aos mais esquecidos que o Plano da “Troika” foi imposto a Portugal para obter o financiamento (78 mil milhões de €) de que necessitava para evitar a bancarrota, fruto da conjuntura internacional e da má administração do governo de José Sócrates. Este, perante a situação calamitosa a que o país tinha chegado, demitiu-se e viu-se obrigado a assinar o pedido de resgaste, concedido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e União Europeia (EU).

As correspondentes eleições legislativas antecipadas de 2011 foram ganhas pelo PSD de Passos Coelho. Este, tendo maioria relativa no parlamento, formou governo em coligação com o CDS/PP de Paulo Portas. De imediato foi obrigado a pôr em marcha um conjunto de medidas impostas pelos credores.

Foram tempos de grandes dificuldades e de muita austeridade.

Nenhum governo gosta de aumentar impostos, de cortar salários e congelar carreiras, de dilatar o horário da função pública, de ser obrigado a privatizar empresas ou de suprimir feriados nacionais. Foi tudo isto que Passos Coelho e o seu governo tiveram de implementar. Foram imposições, da própria “troika”, duras e difíceis mas que levaram o país a uma saída de cabeça erguida do programa de resgate financeiro. A 4 de maio de 2014, Portugal dizia adeus às três instituições que nos tinham emprestado o dinheiro e recuperava a sua autonomia financeira.

Lembrar esse período da nossa história recente e apenas responsabilizar Pedro Passos Coelho e o seu governo pelas agruras sofridas pelos portugueses nesse tempo, é fugir de toda a verdade.

É não ter escrúpulos, é tentar ilibar os autênticos culpados e mentir descaradamente ao povo português.

Que cada um faça a sua análise, decida e vote.

QOSHE - Em campanha eleitoral, urge reavivar a memória - J. M. Gonçalves De Oliveira
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Em campanha eleitoral, urge reavivar a memória

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05.03.2024

Já faltam poucos dias para a grande decisão!

No próximo domingo os portugueses têm oportunidade de escolher a composição da nova Assembleia da República, do novo Primeiro-ministro e do novo Governo de Portugal.

Há alguns meses muito poucas pessoas imaginavam que este facto de grande relevância iria ter lugar tão precocemente, embora a degradação do atual governo do Partido Socialista (PS), apoiado por uma maioria absoluta no parlamento, refém de sucessivas demissões e de uma diversidade de casos que o mutilavam e enfraqueciam, o pudesse fazer prever.

O pedido de demissão de António Costa, resultante das suspeitas de corrupção sobre membros do seu gabinete, terá sido apenas a justificação para se livrar do dever de continuar a gerir os destinos do país, tão grande era a balbúrdia no seio do seu governo. Deste modo, ficava ainda liberto para encetar novos voos nos órgãos da União Europeia, sendo o lugar de Presidente do Conselho Europeu o mais apontado por alguns dos seus........

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