A vida política nacional está enferma; e esta enfermidade resulta da fraca e desviante atuação dos políticos que a promovem e propagam, porque se plasmam em lutas entre si e, assim, nunca chegando aos entendimentos e consensos necessários para a reestruturação das estruturas económicas e sociais.

E esta realidade vê-se a olhos vistos e não é preciso ser dono de uma visão a cem por cento; por exemplo, é mais fácil vê-los na defesa dos interesses próprios e dos interesses dos seus apaniguados e amigos, do que na defesa dos interesses do país e do povo.

Depois, a proliferação de grupúsculos com reduzida implantação social bem patente nos resultados eleitorais que alcançam, embora muito longe dos almejados, nas urnas, mas de inflamada retórica e de renhida luta ideológica (com questões fraturantes, dogmatismos, populismos, extremismos e totalitarismos de permeio) nada ajuda à valorização e afirmação da vida democrática; e, obviamente, assim se perde tempo e firmeza de atuação e princípios no esclarecimento e na prática política.

Ademais, perante o estado a que chegou a vida económica e social com a falta de investimentos e estagnação da economia, a agitação nas ruas, a fome, a pobreza, a falência do sistema de Saúde (SNS), da Educação e da Justiça, a emigração forçada da juventude mais qualificada, etc. etc. etc. a alastrarem como praga maldita, a condecoração que melhor premeia esta política nacional é, sem dúvida, uma enorme medalha de cortiça para os responsáveis; e os responsáveis por esta debilitada, ineficiente e rejeitada política continuam impávidos e serenos como se nada fosse ou lhes dissesse respeito e a culpa continuasse a poder morrer solteira e a pavonear-se impunemente.

Agora, é lícito perguntar: onde reside a causa desta situação política nacional? Porque chegamos a esta vergonhosa situação? Fundamentalmente porque o mau funcionamento interno dos partidos políticos e a evidente degradação da qualidade dos seus agentes e dirigentes bateu no fundo; e facilmente se constata e conclui por uma evidente falta de competência, seriedade, sentido de Estado, capacidade para conduzir os destinos do país e mobilizar o povo para a defesa e aperfeiçoamento da vida democrática.

Depois, o avanço da escolha, promoção e delegação de competências em militantes dos partidos que não têm prática, conhecimento e experiência da vida e provas dadas na ação política concreta que acabam por ascender a cargos e direções nacionais, regionais e locais de elevada e exigente responsabilidade, seja nas estruturas partidárias, seja nas estruturas governativas acabam por serem corresponsáveis pelo colapso da política nacional.

E a esta realidade acresce a falta de formação de verdadeiros quadros em escolas inexistentes nas estruturas partidárias, bem como uma permanente reciclagem, chamemos-lhe assim, dos militantes mais antigos que pensam saber tudo e nada sabem; e, ainda, a prática dos jobs for the boys pescada à linha mais agrava esta ineficaz atuação, dinâmica e competência dos partidos políticos.

Pois bem, daqui resulta o afastamento e desmotivação da vida política das elites profissionais e quadros técnicos qualificados e competentes para dirigir o país; e, pior ainda, a desbragada ausência de moral e ética, a partidarite aguda, a demagogia, a incompetência e falta de seriedade responsáveis são pelo abismo em que nos atolamos.

Uma coisa é certa: na atribuição de cargos políticos de responsabilidade nacional nunca devem presidir os compadrios, as amizades, os seguidismos, os arranjismos, os porreirismos; mas, fundamentalmente, nesta escolha deve prevalecer sempre e à frente a competência, a honestidade, o altruísmo e, porque não, o amor às causas públicas, sejam locais, regionais ou nacionais, dos escolhidos.

Enquanto se não der, como soi dizer-se, a volta ao texto, a meu ver, a vida política nacional não vai sair do atoleiro em que se meteu; e a nossa democracia, contrariamente ao que o povo sempre sonhou e almejou, sejamos realistas, não passará de uma brincadeira de gaiatos, ou seja de uma coboiada.

Então, até de hoje a oito.

QOSHE - Partidos políticos e a desejada renovação - Dinis Salgado
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Partidos políticos e a desejada renovação

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10.01.2024

A vida política nacional está enferma; e esta enfermidade resulta da fraca e desviante atuação dos políticos que a promovem e propagam, porque se plasmam em lutas entre si e, assim, nunca chegando aos entendimentos e consensos necessários para a reestruturação das estruturas económicas e sociais.

E esta realidade vê-se a olhos vistos e não é preciso ser dono de uma visão a cem por cento; por exemplo, é mais fácil vê-los na defesa dos interesses próprios e dos interesses dos seus apaniguados e amigos, do que na defesa dos interesses do país e do povo.

Depois, a proliferação de grupúsculos com reduzida implantação social bem patente nos resultados eleitorais que alcançam, embora muito longe dos almejados, nas urnas, mas de inflamada retórica e de renhida luta ideológica (com questões fraturantes, dogmatismos, populismos, extremismos e totalitarismos de permeio) nada ajuda à valorização e afirmação da vida democrática; e, obviamente, assim se perde tempo e firmeza de atuação e princípios no esclarecimento e........

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