Na minha modesta opinião, a nossa Democracia tem, nos últimos tempos, demonstrado uma evidente carência de líderes políticos; e esta constatação arrasta uma debilidade e, até, displicência e menos valia na ação e na vida democrática do nosso dia-a-dia.

E, assim, os valores, princípios e atos da qualquer democracia robusta, segura e operativa dificilmente se concretizam e acabam por sofrer indevidos e indesejáveis desvios e distorções; por isso, a participação e empenho do povo não se afirma, acabando numa declarada desmotivação e descrédito, cada vez mais evidentes, na política e nos políticos.

Se recuarmos no tempo, depressa concluímos que o nosso país tem sido governado, exceto nos períodos conturbados e inconstantes, onde pontificaram coligações e mais recentemente a geringonça de António Costa, quer pelo Partido Socialista (PS), quer pelo Partido Social-Democrata (PSD), ou seja pela esquerda moderada e pelo centro-direita; e, sendo estes dois partidos políticos muito próximos ideologicamente onde a social-democracia se confunde e o centro se disputa, ora por um PS que se afirma por um socialismo democrático (de lembrar quando Mário Soares meteu o socialismo na gaveta) e um PSD mais social-democrata e popular, a governação perde ideologia e ação económico-social controversa.

Pois bem, a própria coerência ideológica dos partidos políticos que nos têm representado ou tentam representar nas urnas sofre, assim, desvios e inconsequências, adaptando-se, grosseiramente às circunstâncias económicas e sociais e aos desejos do eleitorado; e, desta forma, os momentos políticos do PS de Mário Soares, do PSD de Sá Carneiro e do PCP de Álvaro Cunhal não passam de uma longínqua e já pouco viva memória na nossa jovem Democracia.

Agora, se a verdade que se impunha seria nós termos aprendido a fortalecer e consolidar a nossa Democracia, a realidade que vivemos categoricamente o desmente e totalmente contrária e alheia é aobom funcionamento e imposição dos valores de abril; e isto, obviamente, porque não temos tido, salvo raras exceções, líderes políticos à altura e comando das situações económicas e sociais vividas na governação.

Depois, um líder político não nasce do pé para a mão, como diz o povo, e muito menos de geração espontânea; e se pensarmos, para além dos três políticos que mencionei, em nomes como Gonçalo Ribeiro Teles, Mota Pinto, Amaro da Costa, Guterres, Cavaco Silva, Carlos Pimenta ou Macário Correia, concluímos que estes ainda deixaram marcas de liderança e de estadismo.

Todavia, nos últimos tempos, as coisas foram-se deteriorando em termos de lideranças político-partidárias e consequentes resultados governativos; e o que mais se tem afirmado é uma assanhada luta pela conquista do poder, acompanhada de escândalos económicos e financeiros e uma tremenda desgovernação que em nada abona a favor do bem-estar, da segurança e da felicidade do nosso povo.

Por isso, a escolha de candidatos competentes em política, ciência e investigação no seu meio e na esfera privada e pública, bem como altamente qualificados, com experiência de vida reconhecida e inteiramente disponíveis para a causas de âmbito social e económico, impõe-se; como, igualmente se impõe a integração de cidadãos independentes nas listas partidárias que será vista com bons olhos pelos eleitores, pois garantias dão de maior independência, rigor e honestidade.

Pois é, todos sabemos que, hoje, líderes com estas qualidades não estão ao virar da esquina, porque os cargos na Função Pública não lhes são cativantes e, muito menos, obrigá-los a militar num partido político está fora do seu estofo moral e ético; depois quão difícil será convencê-los a tomar conta de um país em absoluta desconstrução e a necessitar urgentemente de medidas sociais, económicas e políticas de salvação nacional.

Assim, o que nos espera é mais do mesmo, se os partidos políticos não olharem estas verdades como fundamentais para defesa e fortalecimento da democracia; e, sobretudo, se não puserem de lado os interesses partidários e de grupo em favor dos interesses nacionais.

Então, até de hoje a oito

QOSHE - A caminho das urnas 4 - Verdadeiros líderes precisa-se - Dinis Salgado
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A caminho das urnas 4 - Verdadeiros líderes precisa-se

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28.02.2024

Na minha modesta opinião, a nossa Democracia tem, nos últimos tempos, demonstrado uma evidente carência de líderes políticos; e esta constatação arrasta uma debilidade e, até, displicência e menos valia na ação e na vida democrática do nosso dia-a-dia.

E, assim, os valores, princípios e atos da qualquer democracia robusta, segura e operativa dificilmente se concretizam e acabam por sofrer indevidos e indesejáveis desvios e distorções; por isso, a participação e empenho do povo não se afirma, acabando numa declarada desmotivação e descrédito, cada vez mais evidentes, na política e nos políticos.

Se recuarmos no tempo, depressa concluímos que o nosso país tem sido governado, exceto nos períodos conturbados e inconstantes, onde pontificaram coligações e mais recentemente a geringonça de António Costa, quer pelo Partido Socialista (PS), quer pelo Partido Social-Democrata (PSD), ou seja pela esquerda moderada e pelo centro-direita; e, sendo estes dois partidos políticos muito próximos ideologicamente onde a........

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