A Economia Social engloba a Economia Solidária, cada vez mais conhecida como Terceiro Setor, que é uma organização específica na sua forma e atuação na vida da sociedade, baseada no conceito de solidariedade e corresponsabilidade segundo os princípios da liberdade, da gestão democrática ou da cidadania participativa, com sentido de responsabilidade e independência e sobretudo pelo primado da pessoa e do interesse geral, incluindo a não lucratividade, ou seja, a não distribuição de dividendos e lucros.

É este um dos caminhos que deve ser seguido no século XXI, como afirmou o grande português e economista Ernâni Lopes num ciclo da “Conferência Internacional Triângulo Virtuoso – Angola, Brasil e Portugal”, em 2011: “Portugal terá sérios problemas, quase ingeríveis, se a economia social não tiver grande expansão”.

Este tipo de desenvolvimento económico, como a justiça a ele inerente, só é possível se na economia, no direito e na sociedade, estiver ao lado de um setor público e de um setor privado.

A economia social é herdeira e portadora de princípios e valores que mobilizam a economia enquanto motor do desenvolvimento integrável sustentável, fazendo parte essencial e cada vez mais assumida como imprescindível da identidade económica, determinante para a inclusão, tornando o país mais sustentável e próspero, dando capacidade de resposta aos grandes desafios do desemprego, do envelhecimento e da pressão demográfica migratória.

Face às situações atuais de instabilidade imprevisível, é fundamental quem vier a governar, implementar a economia social, pois se eventualmente a Rússia vier a vencer a guerra na Ucrânia, alguns países da Europa podem ter um caminho idêntico, principalmente os da fronteira, o que pode provocar uma grande instabilidade económica.

Será necessário a NATO reforçar a defesa dos países limítrofes, assim como os países mais influentes da comunidade europeia não têm tomado medidas de defesa adequada a esta situação, pois admitiram uma situação estável e, por outro lado, deviam ter-se prevenido face à política seguida para o ocidente pelo anterior Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump.

As Instituições de Solidariedade Social, incluindo as Misericórdias e outras do Terceiro Sector, necessitam de apoio oficial diferencial, pois em período de crise foram fundamentais ao país e continuarão a ser o cerne da exclusão e inclusão social, evitando a degradação e previsível desaparecimento progressivo da classe média se não houver um trabalho de economia em rede.

Em termos estratégicos é preciso que as IPSS dinamizem modelos de autofinanciamento e estabeleçam com o Estado um quadro mais assertivo nas comparticipações, pois foram essenciais em períodos de crise diversas e continuarão a ser, apoiando os mais fragilizados, onde a pobreza cresce cada vez mais, podendo atingir já dois milhões de pessoas na atualidade.

Algumas parcerias com as autarquias ou com empresas com uma componente social, deviam ser cada vez mais acentuadas, permitindo equilibrar as respostas sociais, promovendo a reinserção no mercado de trabalho e apoio no acompanhamento social, sendo estas Instituições fundamentais para atenuar a pobreza e criar incentivos ao desenvolvimento económico em rede, dentro da economia social.

É fundamental pensar que o futuro só será sustentável se nos colocarmos na posição daqueles que defendem que o futuro não se prevê, mas prepara-se.

Será de referir Peter Drucker “No século XX, assistimos ao desenvolvimento do Estado Social e das Empresas, e no século XXI, iremos assistir ao crescimento exponencial do sector social. Este caminho deve ser seguido em todas as áreas da economia e as empresas devem olhar para os seus recursos humanos com proximidade e valorização salarial”.

QOSHE - É fundamental desenvolver a Economia Social - Bernardo Reis
menu_open
Columnists Actual . Favourites . Archive
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

É fundamental desenvolver a Economia Social

6 1
20.02.2024

A Economia Social engloba a Economia Solidária, cada vez mais conhecida como Terceiro Setor, que é uma organização específica na sua forma e atuação na vida da sociedade, baseada no conceito de solidariedade e corresponsabilidade segundo os princípios da liberdade, da gestão democrática ou da cidadania participativa, com sentido de responsabilidade e independência e sobretudo pelo primado da pessoa e do interesse geral, incluindo a não lucratividade, ou seja, a não distribuição de dividendos e lucros.

É este um dos caminhos que deve ser seguido no século XXI, como afirmou o grande português e economista Ernâni Lopes num ciclo da “Conferência Internacional Triângulo Virtuoso – Angola, Brasil e Portugal”, em 2011: “Portugal terá sérios problemas, quase ingeríveis, se a economia social não tiver grande expansão”.

Este tipo de desenvolvimento económico, como a justiça a ele inerente, só é possível se na economia, no........

© Diário do Minho


Get it on Google Play