Acossadas pelos chamados comentadores e políticos, expostas num recente livro que explica porque falham as sondagens, as empresas que as fazem perceberam, finalmente, a importância que os estudos de opinião podem ter numa campanha eleitoral e, até, no resultado eleitoral.

Desta vez, numa eleição incerta por várias razões, optam por divulgar os indecisos, em vez de os distribuir segundo uma fórmula matemática que avalia o histórico de outras eleições e os padrões de comportamento esperados.

Acredito que os indecisos estão entre PS e AD. Na grande maioria, quem vota nos partidos mais pequenos já fez a sua escolha. E é precisamente até que reside o poder de decisão que está nas mãos dos indecisos. Um eleitorado flutuante, nada fiel, que escolhe com base em critérios também eles diversos. Um deles é a dinâmica de vitória -- todos gostam de votar em quem ganha. Outro, no caso destas legislativas, em que os dois candidatos à liderança do governo são estreantes, torna a escolha mais difícil precisamente por não haver um incumbente. Por fim, entra nas contas o carisma, a forma como os líderes chegam a cada uma destas pessoas. Nisso, a campanha eleitoral ajuda. Reforça ou repele uma ideia dos candidatos que ainda não estaria totalmente consolidada.

Dito isto, continua a haver indecisos que o serão mesmo até entrarem na cabine de voto. As famosas sondagens também dizem que cerca de cinco por cento dos votos são decididos apenas quando se pega na caneta, na solidão da consciência e do retábulo do voto.

Fazem bem, as empresas de sondagens, em assinalarem os indecisos. Nestes poucos dias que faltam até 10 de março, será para eles que vão falar Pedro Nuno e Montenegro. Os outros ou já estão garantidos ou já estão perdidos.

Os indecisos tornam-se assim, o alvo eleitoral mais apetecível. É preciso convencer quem ainda não foi convencido. Quem ainda tem o voto em aberto, o tal voto que acaba por decidir.

Continuidade ou mudança? Governabilidade ou instabilidade? Maioria de esquerda ou de direita? Está nas mãos destes indecisos se teremos governo e que governo ou se vamos a eleições em breve, outra vez. E há outra razão para a o decisão. Ninguém, ninguém do chamado povo queria eleições. Foi por isso que há dois anos deram ao PS uma maioria absoluta. E agora?

Decidam-se, porra!

QOSHE - Os indecisos que decidem - Pedro Cruz
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Os indecisos que decidem

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05.03.2024

Acossadas pelos chamados comentadores e políticos, expostas num recente livro que explica porque falham as sondagens, as empresas que as fazem perceberam, finalmente, a importância que os estudos de opinião podem ter numa campanha eleitoral e, até, no resultado eleitoral.

Desta vez, numa eleição incerta por várias razões, optam por divulgar os indecisos, em vez de os distribuir segundo uma fórmula matemática que avalia o histórico de outras eleições e os padrões de comportamento esperados.

Acredito que os indecisos estão entre PS e AD. Na grande maioria, quem vota........

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