As sondagens andam mais cautelosa e menos perentórias. Algumas deixaram de distribuir os indecisos e preferem manter lá a coluna daqueles que dizem que de certeza vão votar, mas ainda não sabem em quem. Fazem bem. Sendo fotografias instantâneas de uma realidade, as sondagens acabam por servir de base de trabalho aos partidos mas, também, acabam por condicionar os eleitores. Um partido a subir arrasta mais votos, um partido estagnado ou a descer não consegue descolar porque é dado como perdido. Ainda que digam que não, os eleitores gostam de estar ao lado de quem ganha.

A 40 dias das eleições, as sondagens não nos mostram grandes certezas. A esquerda pode ter mais votos, mas a direita pode ganhar. Outras dizem o contrário e ambas podem estar certas porque ficam dentro da chamada margem de erro.

Desta vez, como nunca, o eleitorado vai escolher o mais tarde possível, na última semana ou mesmo já no interior da cabine de voto.

Por uma vez, os debates e a campanha parecem mais decisivos do que nunca. Era bom que os líderes fossem para os debates com ideias claras e propostas concretas e quantificadas, de forma a que os eleitores saibam com calma e sem gritaria o que querem fazer com a Saúde, Educação, habitação, segurança, impostos, empresas e Estado Social.

Depois, a campanha eleitoral não deveria ser apenas folclore, beijinhos e carne assada. Mas um tempo de discussão das propostas que cada um tem. E, já agora, é politicamente relevante saber quem se coliga ou não com quem consoante a maioria seja de esquerda ou de direita. Quem decide o seu voto tem de saber o que os partidos vão fazer com ele.

Não vale usar a frase que depois logo se vê. Eu quero saber o que vai fazer com o meu voto.
Por norma, diz se que os portugueses são sábios na escolha e que acertam sempre. Que os eleitores têm razão. Quem diria que nos 50 anos da democracia estamos diante das eleições mais complexas e difíceis de sempre?

Afinal, a democracia funciona.


Jornalista

QOSHE - Este ano, Abril é em Março - Pedro Cruz
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Este ano, Abril é em Março

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30.01.2024

As sondagens andam mais cautelosa e menos perentórias. Algumas deixaram de distribuir os indecisos e preferem manter lá a coluna daqueles que dizem que de certeza vão votar, mas ainda não sabem em quem. Fazem bem. Sendo fotografias instantâneas de uma realidade, as sondagens acabam por servir de base de trabalho aos partidos mas, também, acabam por condicionar os eleitores. Um partido a subir arrasta mais votos, um partido estagnado ou a descer não consegue descolar porque é dado como perdido. Ainda........

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