De uma ampla consulta aos cidadãos europeus, recentemente espelhada na edição especial do Eurobarómetro para o Parlamento Europeu (PE), retiram-se conclusões de diversa natureza. Quando atentamos em especial nas respostas dos portugueses inquiridos confirmam-se alguns dados interessantes, sobressaem paradoxos e desenham-se os aspetos mais prioritários para o futuro europeu.
Os portugueses têm uma imagem muito positiva da União Europeia, em que o respetivo papel se tem vindo a mostrar cada vez mais relevante e que, face ao contexto internacional atual, o voto nas próximas eleições para o PE mostram-se ainda mais importantes. Em qualquer um desses casos os portugueses são mais positivos que a média dos restantes europeus. Ora, sendo tais factos reveladores da visão que em Portugal se tem das instituições europeias, a verdade é depois quando questionados sobre o interesse no próximo ato eleitoral e a probabilidade de votar as respostas revelam-se bastante menos otimistas e muito atrás da média europeia.
Ora como se explica este evidente paradoxo? Confesso não ter a resposta, mas algo fica evidente: os partidos e os candidatos ao PE terão que superar este fosso e fazer uma campanha que anime, convoque e seduza os eleitores em Portugal, sob pena da elevada abstenção beneficiar as forças mais eurocéticas e reduzir o peso político de Portugal à mesa dos 27.
A pesquisa que acima refiro também se dedica a identificar as principais prioridades para o futuro ciclo político europeu na ótica dos portugueses e demais. Aqui existe uma interessante afinidade: a luta contra a pobreza e exclusão social, a saúde pública e o apoio à economia e criação de empregos são de longe as principais preocupações. Portugueses e a media europeia já divergem quanto à defesa e segurança, sendo que para os primeiros está longe de ser uma inquietação. O nosso contexto geográfico explica uma parte considerável deste resultado.
Acresce, que as divergências são ainda mais marcantes quanto à migração e asilo, à democracia e estado de direito e à política agrícola; todas muito mais inquietantes para a média europeia que para os portugueses. Não deixa de ser interessante, pois pelas últimas legislativas dir-se-ia que as migrações e a corrupção (ligada ao estado de direito) seriam uma prioridade na mente dos eleitores portugueses. Parece que não… quando pensam no futuro da UE.
Não será uma tarefa fácil a dos candidatos ao PE para afinar as mensagens perante as expetativas dos eleitores em Portugal. Mas estas eleições serão das mais importantes das últimas três décadas para o futuro do projeto europeu. Haja consciência disto!

QOSHE - A Europa no seu labirinto - Ricardo Castanheira
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A Europa no seu labirinto

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29.04.2024

De uma ampla consulta aos cidadãos europeus, recentemente espelhada na edição especial do Eurobarómetro para o Parlamento Europeu (PE), retiram-se conclusões de diversa natureza. Quando atentamos em especial nas respostas dos portugueses inquiridos confirmam-se alguns dados interessantes, sobressaem paradoxos e desenham-se os aspetos mais prioritários para o futuro europeu.
Os portugueses têm uma imagem muito positiva da União Europeia, em que o respetivo papel se tem vindo a mostrar cada vez mais relevante e que, face ao contexto internacional atual, o voto nas próximas eleições para o PE mostram-se ainda mais importantes. Em qualquer um........

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