Uma das grandes preocupações do povo rural do interior do país, são as espécies cinegéticas e seus prejuízos são um dos flagelos.
A população é maioritariamente rural e envelhecida, estando perante uma realidade um tanto dramática, ou seja, a desertificação daquelas terras, dedicam-se à agricultura de subsistência, muitos deles e especialmente os mais idosos sem grandes recursos, vivendo até no limiar da pobreza, dadas as suas parcas reformas. Não poderia deixar de lembrar ainda, um povo tão martirizado pelos incêndios que teimam ano após ano, em destruir tudo à sua passagem, e quantas vezes os bens amealhados ao longo de “vidas”, à custa de suor e sacrifício.
Não fosse esse aumento exponencial e desordenado, os prejuízos não seriam tão dramáticos, pois estou a falar de manadas de javalis, uns de grande porte acompanhados de dezenas de crias, de cabras bravas, veados e até esquilos.
Tem sido assustador, esta invasão do território, que se têm propagado descontroladamente nos últimos anos, repercutido vastos estragos, que todos aqueles animais, principalmente javalis, corços, veados e até esquilos, provocam nas sementeiras, nos produtos agrícolas, na castanha, nas árvores de fruto, vinha e até em novas plantações com candidaturas a fundos europeus, dizimando tudo à sua persistente passagem.
Estes animais viviam na floresta, nas serranias, longe dos povoados, no entanto ao longo dos últimos anos foram perdendo o medo dos humanos, procurando de certa forma alimento para a sua manutenção e deste modo, desceram aos povoados invadindo e destruindo tudo à sua passagem. Inclusivamente e constantemente os javalis entram nos quintais das casas sem temor, estragando e intimidando pessoas, bens e animais domésticos, serem ainda potenciais causadores de acidentes nas redes viárias municipais, pelo que será urgente estancar este problema, para segurança de toda uma população. Saliento ainda ser caso de saúde pública, e terem sido identificados animais portadores de tuberculose.
Considero ainda e com uma certa gravidade, esta população estar a abandonar essa pequena agricultura, deixando os campos em poisio, ao abandono, pois é demasiado frustrante o trabalho e dinheiro perdido, ficando impotentes, desesperados e emocionalmente perturbados, pois a pequena agricultura também constituiu distração, evitando a solidão, o desalento e desequilíbrio mental.
O poder local de proximidade, ou sejam as Juntas de Freguesia, Câmaras Municipais, e ainda Clubes de Caçadores entre outros, vêem-se impotentes perante este surto de animais, sem que os mesmos tenham meios e competência para apresentar soluções a quem as solicita, e urge que haja uma intervenção superior para um controle sustentável desta fauna.
Resta-lhes assim, colocar as suas preocupações e receios, junto das entidades competentes em matéria de controlo de espécies e locais de reserva das mesmas, esperando que a solução seja breve, e assertiva, pois doutro modo começam a ser dramáticas todas estas questões, do crescente e desordenado aumento da população destas espécies cinegéticas, que há procura certamente de alimentos, destroem igualmente os alimentos de subsistência destas populações.
Nos últimos tempos até no perímetro da nossa cidade tem sido avistado grupos de javali.
Eu próprio tive um encontro inesperado com um grupo de sete animais, no caminho para Lordemão.
Sendo certo que existem vários interesses em confronto, há necessidade de compatibilizar todas as sensibilidades em causa.

QOSHE - Animais não domésticos - Raul Garcia
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Animais não domésticos

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17.01.2024

Uma das grandes preocupações do povo rural do interior do país, são as espécies cinegéticas e seus prejuízos são um dos flagelos.
A população é maioritariamente rural e envelhecida, estando perante uma realidade um tanto dramática, ou seja, a desertificação daquelas terras, dedicam-se à agricultura de subsistência, muitos deles e especialmente os mais idosos sem grandes recursos, vivendo até no limiar da pobreza, dadas as suas parcas reformas. Não poderia deixar de lembrar ainda, um povo tão martirizado pelos incêndios que teimam ano após ano, em destruir tudo à sua passagem, e quantas vezes os bens amealhados ao longo de “vidas”, à custa de suor e sacrifício.
Não fosse esse aumento exponencial e desordenado, os prejuízos não seriam tão dramáticos, pois estou a falar de manadas de javalis, uns de grande porte acompanhados de dezenas de........

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