Parece-me que a vida política nacional começa a ficar demasiado crispada. O problema, é se a crispação a que assistimos se transforma em ódio, que passa naturalmente para cada um dos portugueses; nada que se deseje num período complicado para o mundo.
O debate político começa a transformar-se em “trauliteirismo”, por efeito de um discurso demasiado centrado no extremismo e no que poderá vir a ser um país dividido ao meio.
Não me venham com a conversa que o culpado é o partido CHEGA! Este só existe porque a democracia deixou de funcionar nos partidos do “arco do poder”.
Ao longo das décadas fomos assistindo a muitas promessas não cumpridas, a “gente sem escrúpulos” a beneficiar de bem-feitorias a que não tinham direito, a modelos de governação que deixam muito a desejar, a uma comunicação interna e externa desqualificada e inquinada, a modelos de escolha para cargos políticos por eleição directa não atendendo às qualificações, várias, dos escolhidos, etc. etc. etc.
Os PS e o PSD teem centrado demasiado o seu discurso contra o referido partido político. O PS, naturalmente, porque não se revê em nada do que pretende para Portugal e o PSD, para evitar fuga de votos por um lado, e por outro para evitar que seja acusado de radicalização e envolvido em questões pouco edificantes.
Ora, pelo de facto de se falar do CHEGA e de muitas vezes estar no centro da discussão, este sente-se à vontade para dizer as barbaridades que entender, chantagear e mais grave, ameaçar.
Já todos percebemos que a IL está num processo de afirmação. No entanto, se o discurso se radicalizar ao centro – porque também se pode radicalizar ao centro – a IL vai passar um mau bocado e o CHEGA não terá a percentagem de votos que as sondagens lhe dão.
No meio de tudo isto, o PSD realizou um congresso que ainda ninguém percebeu para que serviu, para além de mostrar as suas enormes fragilidades trazendo para a ribalta Aníbal Cavaco Silva e Manuela Ferreira Leite, por exemplo.
Quando para Luís Montenegro os seus melhores apoiantes são Carlos Moedas, Luís Marques Mendes e Paulo Rangel está tudo dito.
Realizar um congresso no meio de uma campanha eleitoral interna do seu maior rival interno é de um enorme amadorismo.
Com um risco calculado, dever-se-ia realizar após a eleição do novo Secretário-Geral do PS. Mais, passar mais tempo a falar do PS e dos dois candidatos a Secretário-Geral, foi dar-lhes ainda maior protagonismo, o que naturalmente agradeceram.

QOSHE - Fragilidades - Luís Santarino
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Fragilidades

3 0
01.12.2023

Parece-me que a vida política nacional começa a ficar demasiado crispada. O problema, é se a crispação a que assistimos se transforma em ódio, que passa naturalmente para cada um dos portugueses; nada que se deseje num período complicado para o mundo.
O debate político começa a transformar-se em “trauliteirismo”, por efeito de um discurso demasiado centrado no extremismo e no que poderá vir a ser um país dividido ao meio.
Não me venham com a conversa que o culpado é o partido CHEGA! Este só existe porque a democracia deixou de funcionar nos partidos do “arco do poder”.
Ao longo das........

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