Os sistemas de saúde passam por um período de grande pressão em toda a Europa. Em Portugal, a situação instável do setor tem sido tema de ampla discussão. Mais do que debater o funcionamento do SNS, o título deste artigo remete para a importância da tecnologia na prestação de cuidados de saúde. Se há setor onde a ciência e os avanços tecnológicos têm tido um impacto direto nas nossas vidas, esse setor é a saúde: medicamentos, exames, técnicas de diagnóstico, etc.
No entanto e no dia-a-dia dos hospitais, os desafios continuam a aumentar. A Ordem dos Médicos, citando a OMS, identifica como principais: os custos dos cuidados de saúde; o envelhecimento da população; a baixa taxa de natalidade; a garantia de cuidados de saúde de qualidade e em tempo clinicamente aceitável; a “variação na prática clínica”; a “ineficiente uso de informação” e o “atraso deliberado na adoção da inovação” terapêutica e tecnológica.
Em particular, os últimos 3 pontos são críticos e podem ter soluções implementadas a curto prazo. Grande parte destas questões passam pela adoção (ou resistência) dos temas debatidos na recente cimeira EIT Health Summit:
1. Explorar tecnologias transformativas: da Inteligência Artificial (I.A.) à telemedicina, adotar estas inovações é fundamental para melhorar o atendimento ao paciente e a eficiência do sistema.
2. Parcerias Inovadoras: A cimeira enfatizou o poder das parcerias intersectoriais. As colaborações entre startups, empresas, universidades e governos podem gerar novas soluções e acelerar o progresso.
3. Sistemas de saúde resilientes: Construir resiliência nos sistemas de saúde foi um tema chave. A importância da preparação para futuras perturbações, como pandemias ou desafios relacionados com o clima, não pode ser ignorada.
4. Fortalecimento da colaboração internacional: A colaboração global surgiu como uma prioridade. Ao partilharmos melhores práticas e recursos além-fronteiras, podemos enfrentar os desafios comuns dos cuidados de saúde de forma mais eficaz.
5. Capacitação da força de trabalho da saúde: As discussões ressaltaram a necessidade de capacitar e apoiar os profissionais de saúde. Investir na formação e no bem-estar da força de trabalho é crucial para a prestação sustentável de cuidados de saúde.
6. Promover a equidade digital: A cimeira enfatizou a importância de garantir o acesso equitativo às tecnologias digitais de saúde. Colmatar o fosso digital é essencial para cuidados de saúde inclusivos.
7. Regulação da I.A. na Europa: ao implementar a lei de I.A. da UE (AI act) é crucial discutir o equilíbrio entre regulamentação e inovação.
Em particular o último ponto suscitou muito debate. As dúvidas face ao impacto do uso da I.A. vão muito para além do receio do fim de algumas tarefas/profissões ou informações erradas como vemos no “Doutor Google”. Tal como tantas novas tecnologias (da aspirina à internet) vieram melhorar a nossa saúde e a nossa vida, muitos de nós acreditam que a I.A. permitirá passos importantes. Os receios passam pelas formas de regulação, o(s) uso(s) dos dados, a credibilidade e as fontes de informação. Acresce a tudo isto, a sensibilidade da I.A. às diferentes formulações de uma mesma pergunta e à forma como lida com instruções ambíguas. Tudo isto é agravado no contexto clínico, porque os algoritmos são ainda notoriamente fracos no que toca a contexto e nuances – dois temas críticos para o atendimento a pacientes.
Solucionar as imprecisões, preconceitos e as questões de transparência, são os desafios para a sociedade e que reforçam o quão necessário é um compromisso com a inovação, colaboração e resiliência na transformação dos cuidados de saúde. Parte desta transformação vai ser trilhada por novas abordagens de startups e empreendedores Em Coimbra recebermos dois grandes eventos no início do próximo mês:
9 maio: Demo day do programa Ineo Start,
no IPN ( www.start.ineo.pt )
10 maio: Startup Capital Summit,
no Convento S.Francisco ( www.startupcapitalsummit.com )
São eventos gratuitos e onde poderá ver, ouvir e discutir novas ideias, soluções e negócios com as mentes empreendedoras que moldarão o futuro.

QOSHE - cuidados com a tecnologia - José Armando Torres
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22.04.2024

Os sistemas de saúde passam por um período de grande pressão em toda a Europa. Em Portugal, a situação instável do setor tem sido tema de ampla discussão. Mais do que debater o funcionamento do SNS, o título deste artigo remete para a importância da tecnologia na prestação de cuidados de saúde. Se há setor onde a ciência e os avanços tecnológicos têm tido um impacto direto nas nossas vidas, esse setor é a saúde: medicamentos, exames, técnicas de diagnóstico, etc.
No entanto e no dia-a-dia dos hospitais, os desafios continuam a aumentar. A Ordem dos Médicos, citando a OMS, identifica como principais: os custos dos cuidados de saúde; o envelhecimento da população; a baixa taxa de natalidade; a garantia de cuidados de saúde de qualidade e em tempo clinicamente aceitável; a “variação na prática clínica”; a “ineficiente uso de informação” e o “atraso deliberado na adoção da inovação” terapêutica e tecnológica.
Em particular, os últimos 3 pontos são críticos e podem ter soluções........

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