Os últimos tempos, infelizmente, não têm sido muito promissores no que à política do nosso país diz respeito. Estamos perante a dissolução do parlamento, mas será que estamos conscientes de tudo o que esta situação verdadeiramente aporta?
Para quem anda mais distraído, basta uma breve pesquisa, para perceber que a política portuguesa já viu melhores dias.
Falamos de uma sequência de escândalos políticos que vão desde a detenção de um Deputado Municipal do Chega de Braga, até ao pedido de demissão do primeiro-ministro, passando pela demissão de vários ministros e chefes de gabinete. Em suma, este governo, eleito em 2022, com maioria absoluta para o PS, deverá ser dos mais instáveis dos últimos tempos.
Contudo, não podemos culpar os eleitores de todo o mal que o país enfrenta, pois, nas eleições legislativas de 2022, o verdadeiro vencedor foi a abstenção, a ultrapassar os 40%.
Serão os últimos acontecimentos políticos impactantes o suficiente para, a 10 de Março, os portugueses se dirigirem às urnas?
Estamos numa sociedade que parece ser governada pela era digital, onde uma grande parte está desconectada da política e da sua importância e apenas se conecta com as redes sociais e as relações virtuais. Tudo isto coloca em causa o futuro da democracia, uma vez que é nas gerações mais jovens que se centra a abstenção, o que a longo prazo se irá refletir em adultos que não votam, nem incentivam ao voto.
Esperemos que a instabilidade política que o país atravessa leve mais eleitores às urnas, faça dos portugueses agentes políticos mais ativos e conscientes, pois com a antecipação das eleições para Março de 2024 estas terão um significado ainda mais impactante.
Quis o destino que, em vésperas dos 50 anos de Abril, Portugal colocasse à prova a sua população. Afinal, haverá maior celebração de Abril do que a mobilização às urnas?
VOTAR será sempre a melhor forma de honrar Abril de 74, de honrar a democracia, e todos os direitos que surgem com ela.
Se Votar é fundamental, fazê-lo com consciência é igualmente importante. Prova disso são todas as guerras que o mundo atravessa neste momento. Porque no fundo, todas elas se devem a diferenças políticas e a resultados eleitorais que se revelaram desastrosos. Somos uma associação apartidária, no entanto, quando vemos uma extrema-direita a ganhar força no nosso país e a mostrar-se como uma terceira força política, ficamos em estado de alerta. Esse não é, certamente, o Abril sonhado pelos sonhadores de 1974.
Mas, afinal, o que gera verdadeiramente a demissão do Primeiro-Ministro?
Além de gerar imensos cartoons, inúmeras piadas nas redes sociais e até músicas de rádio que toda a gente canta alegremente, a demissão do Primeiro-Ministro gera a dissolução do parlamento. Gera inúmeras decisões que ficarão pendentes, novas eleições eleitorais, mais gastos para o país que está a viver uma crise económica, gera novos períodos de campanha e uma elevada instabilidade política.
A dissolução do Parlamento gera, acima de tudo, um Governo de Gestão, um governo provisório e bastante limitado nas decisões que pode tomar uma vez que não tem “competências legislativas”. O que acabará por impactar toda a vida política do nosso país.
Agora, resta-nos que toda a população reflita sobre a política dos últimos tempos, que analise a situação a que chegamos e que se faça ouvir expressando a sua vontade nas urnas, independentemente da escolha de cada um, sendo um partido ou um voto branco.
Celebrar Abril é combater a iliteracia política, é trazer a política para junto da população, em particular os mais jovens, e chamar todos à participação.
Afinal, não votar é deixar em mãos alheias uma decisão que deve ser nossa. É deixar que outros escolham onde vamos investir, o que vamos construir... escolham o destino do nosso país.

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“Um país (des)governado...”

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14.11.2023

Os últimos tempos, infelizmente, não têm sido muito promissores no que à política do nosso país diz respeito. Estamos perante a dissolução do parlamento, mas será que estamos conscientes de tudo o que esta situação verdadeiramente aporta?
Para quem anda mais distraído, basta uma breve pesquisa, para perceber que a política portuguesa já viu melhores dias.
Falamos de uma sequência de escândalos políticos que vão desde a detenção de um Deputado Municipal do Chega de Braga, até ao pedido de demissão do primeiro-ministro, passando pela demissão de vários ministros e chefes de gabinete. Em suma, este governo, eleito em 2022, com maioria absoluta para o PS, deverá ser dos mais instáveis dos últimos tempos.
Contudo, não podemos culpar os eleitores de todo o mal que o país enfrenta, pois, nas eleições legislativas de 2022, o verdadeiro vencedor foi a abstenção, a ultrapassar os 40%.
Serão os últimos acontecimentos políticos impactantes o suficiente para, a 10 de Março, os portugueses se dirigirem às urnas?
Estamos........

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