Com a chegada de mais um momento eleitoral, chegam também novos eleitores às urnas. Hoje refletimos sobre a geração que, dia 10 de Março, se desloca pela primeira vez para exercer um direito que, até então, não lhes pertencia. Mas estará essa geração verdadeiramente preparada para o real sentido do ato eleitoral?
Teremos todos nós, enquanto sociedade, feito tudo o que está ao nosso alcance para preparar a geração que chega agora às urnas?
Não falamos de falta de informação, pois hoje em dia tudo está disponível à distância de um clique. A tecnologia evoluiu e trouxe consigo toda a informação que procuramos, sendo acessível a qualquer hora e em qualquer local. Hoje em dia temos, em canais de Youtube, entrevistas a representantes políticos, temos podcast com partilhas de reflexões políticas, temos diversos pontos de vista partilhados em notícias e espaços digitais. Contudo, muitas vezes, essa informação não é filtrada, partindo de pessoas mal intencionadas ou até mesmo desinformadas, o que gera mais confusão em lugar de esclarecimento. No entanto, reconhecemos uma grande vantagem em termos informação disponível 24horas, 7 dias por semana.
Desta forma é confortável para todos dizermos que a informação está disponível para quem quiser consultar. Mas e quando não há naturalmente um gosto por política? Quando não existe a proatividade de pesquisar e questionar?
Defendemos que na nossa educação deveria estar incluído um estudo sobre política. Destacando a importância de exercer o direito de voto, mas mostrando, também, todas as posições políticas que podem existir, desde a extrema esquerda, até à extrema direita. Passando, também, pela explicação do que é um programa eleitoral, a importância do tempo de antena, do tempo de reflexão e de conhecer todas as opções políticas para podermos ter uma escolha, acima de tudo consciente. Importa, ainda, mostrar o papel da abstenção, assim como o seu real significado numa democracia.
Acreditamos que esta consciencialização deve ser feita constantemente e não apenas em momentos de campanha eleitoral. Ninguém espera consciencializar ninguém, com meia dúzia de debates num período de campanha eleitoral. Em Braga ocorrem-me dois bons exemplos que deveriam ser replicados.
Falamos do Executivo Júnior, uma atividade realizada pela Junta de Freguesia de São Victor, que visa aproximar da política os jovens alunos das escolas básicas da freguesia. Nesta atividade 7 alunos eleitos pela escola formam um executivo de freguesia durante um dia, e realizam uma assembleia, assim como reuniões com a associação de pais, os professores e também entidades públicas como os bombeiros e a PSP.
Existe, também, em Braga, um Movimento Democrático, ao qual nos juntamos em 2021, antes das eleições autárquicas e que pretende combater a abstenção. Entre muitos outros objetivos, pretende, também, aproximar os jovens da política. Um movimento que, desde então, se tem mantido ativo com algumas iniciativas.
Num ano em que se celebram 50 anos da Revolução de Abril, destacamos que a verdadeira vencedora das últimas eleições é a abstenção. Abster é uma forma de mostrar o desinteresse pela nossa política, é permitir que outros escolham por nós.
É, na nossa opinião, desvalorizar o maior direito que o 25 de Abril nos deu! Claro que votar é um direito e, numa democracia, devemos ter a poder de escolher se o queremos exercer ou não, mas estarão a novas gerações conscientes do verdadeiro impacto da abstenção?
Por isso, esta reflexão visa sensibilizar os jovens para o direito de votar, para as consequências da abstenção e como a consciente falta de voto nos pode conduzir a cenários políticos de grande instabilidade. Dia 10 de Março…VOTA!

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“A(bs)tenção!!!”

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06.02.2024

Com a chegada de mais um momento eleitoral, chegam também novos eleitores às urnas. Hoje refletimos sobre a geração que, dia 10 de Março, se desloca pela primeira vez para exercer um direito que, até então, não lhes pertencia. Mas estará essa geração verdadeiramente preparada para o real sentido do ato eleitoral?
Teremos todos nós, enquanto sociedade, feito tudo o que está ao nosso alcance para preparar a geração que chega agora às urnas?
Não falamos de falta de informação, pois hoje em dia tudo está disponível à distância de um clique. A tecnologia evoluiu e trouxe consigo toda a informação que procuramos, sendo acessível a qualquer hora e em qualquer local. Hoje em dia temos, em canais de Youtube, entrevistas a representantes políticos, temos podcast com partilhas de reflexões políticas, temos diversos pontos de vista partilhados em notícias e espaços digitais. Contudo, muitas vezes, essa informação não é filtrada, partindo de pessoas mal intencionadas ou até mesmo........

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