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Por José Reinaldo Carvalho, 247 - O mundo está vivendo uma transformação sem precedentes na ordem global. O presidente da China, que é também secretário-geral do Partido, tem dito que são mudanças inauditas no espaço de um século. Neste quadro, um dos fatores mais salientes é o papel que o Sul Global está desempenhando. Objetivamente, trata-se de uma vertente política e econômica que contrasta com os interesses neocolonialistas das potências imperialistas ocidentais. Sobretudo a cooperação Sul-Sul e a apresentação das demandas dos países emergentes, o Sul Global está trilhando seu próprio caminho lutando por alternativas.

A expansão notável do Brics é um testemunho claro dessa tendência. Com mais de 40 países expressando interesse em aderir ao bloco, este dobrou de tamanho, sinalizando uma evolução para um mundo verdadeiramente multipolar. Antes da expansão, os países do Brics já representavam uma parcela substancial do cenário global, com mais de um terço do PIB mundial e uma população que ultrapassava os 40%. Agora, após consolidarem ainda mais sua força econômica, essas nações emergentes estão moldando um novo polo na economia global.

As estatísticas revelam uma realidade impressionante: o Brasil, por exemplo, superou o Canadá e se tornou a nona maior economia do mundo, de acordo com o Fundo Monetário Internacional. As previsões indicam que, até 2030, as cinco maiores economias serão lideradas por nações do Sul Global, reforçando a ascensão imparável desse bloco.

Enquanto isso, os líderes do Sul Global estão se destacando contra intervenções estrangeiras em questões geopolíticas, buscando soluções regionais para crises prolongadas. A readmissão da Síria na Liga Árabe e o apelo conjunto da América Latina e do Caribe para o fim do bloqueio a Cuba são exemplos concretos desse novo consenso que desafia a ordem estabelecida.

Enquanto o Sul Global se ergue, as potências imperialistas ocidentais, sobretudo os EUA, mostram declínio. A derrota acachapante do seu aliado no Leste, a Ucrânia, o fracasso do projeto neocolonialista francês na África e a cumplicidade com o genocídio ao povo palestino, são expressões políticas de uma situação em que essas potências apresentam desvantagem no cenário geopolítico.

A antiga ordem liderada por essas potências perdeu sua credibilidade diante do Sul Global. As antigas colônias, agora desiludidas, expressam um sentimento coletivo de raiva em relação à hegemonia euroatlântica, contestando as soluções inadequadas para os desafios globais.

A voz do Sul Global está sendo ouvida alto e claro e estão reivindicando seu lugar no cenário internacional, do que foi exemplo eloquente a Cúpula do G77 mais China, realizada em Havana, CUba, em setembro do ano passado, assim como a atuação de países do Sul Global na reunião do G20 na Índia, também no ano passado. Também a reentrada em cena da Celac, a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos demonstra o fenômeno apontado.

O Sul Global está construindo um caminho alternativo para a cooperação Sul-Sul. Iniciativas como o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, o Novo Banco de Desenvolvimento (o Banco do Brics), a Iniciativa do Cinturão e Rota e o Centro de Cooperação Sul-Sul para Transferência de Tecnologia estão fortalecendo a colaboração entre os países em desenvolvimento.

É inegável que o Sul Global está resistindo à antiga narrativa eurocentrista da modernidade universal. Hoje está em pauta uma nova modernização comandada pela China. Este é um momento histórico em que as nações do Sul estão usando sua força, atuando no mundo multipolar, lutando para fazer valer seus legítimos interesses.

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A ascensão do Sul Global e a multipolaridade

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12.01.2024

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Por José Reinaldo Carvalho, 247 - O mundo está vivendo uma transformação sem precedentes na ordem global. O presidente da China, que é também secretário-geral do Partido, tem dito que são mudanças inauditas no espaço de um século. Neste quadro, um dos fatores mais salientes é o papel que o Sul Global está desempenhando. Objetivamente, trata-se de uma vertente política e econômica que contrasta com os interesses neocolonialistas das potências imperialistas ocidentais. Sobretudo a cooperação Sul-Sul e a apresentação das demandas dos países emergentes, o Sul Global está trilhando seu próprio caminho lutando por alternativas.

A expansão notável do Brics é um testemunho claro dessa tendência. Com mais de 40 países expressando interesse em aderir ao bloco, este dobrou de tamanho, sinalizando uma evolução para um mundo verdadeiramente multipolar. Antes da expansão, os países do Brics já representavam uma........

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