Uma ação individual e destemida de Pedro Costa, agente da Polícia de Segurança Pública, teve o condão de despertar os polícias para um movimento de luta, só comparável ao histórico episódio dos “ secos e molhados”.

Os polícias portugueses estão a lutar por algo em que acreditam, os princípios Constitucionais, mormente, pelo cumprimento do princípio da igualdade.

No entanto, apesar da nobreza das ações de luta destes profissionais e da justeza clara deste direito, reconhecido, aliás, por vários quadrantes da sociedade – incluindo o Diretor Nacional da Polícia Judiciária – essa mesma luta tem sofrido ataques constantes, que facilmente se qualificam de tendenciosos senão mesmo de abjetos.

Algumas personalidades, atacam publicamente os polícias e a sua luta, numa clara tentativa de desmotivação. Recordem-se as declarações do Ministro da Administração Interna, ou de alguns deputados, nomeadamente, do Partido Socialista. Outros ataques há, que têm uma aura ainda mais censurável. Basta atentar no comentário da jornalista Anabela Neves a propósito dos suplementos das Polícias, para facilmente verificamos que o comentário, além de tendencioso, quando um jornalista deveria ser isento, é também um comentário que mostra um claro desconhecimento da realidade, sendo facto assente que neste caso o bom senso a deveria abster de comentários e evitar figuras ridículas.

Esta senhora, que volto a frisar é jornalista, afirmou publicamente que um polícia, consegue ganhar de remunerados 2000 euros mensais. Ora, segundo este raciocínio completamente inquinado, este hipotético super polícia dos remunerados, teria que fazer aproximadamente 200 horas em regime remunerado por mês. Se a isso juntarmos as 36 horas semanais, verificamos que este super polícia, faria por semana cerca de 86 horas, o que daria, em 7 dias, cerca de 12 horas por dia. Efetivamente seria possível. Existir o tal polícia.

Mas quem conhece a realidade sabe bem que os remunerados são um complemento para os salários miseráveis e uma forma moderna de escravatura, na medida em que alguns deles não são opcionais.

Para melhor esclarecimento, atente-se na seguinte comparação. Neste momento, os médicos recusam fazer mais de 150 horas extras por ano. Mas segundo a opinião da senhora Jornalista, os polícias fariam 200 horas extra por mês, o que daria em números redondos cerca de 2.400 horas extras por ano. Veja-se o absurdo da sua afirmação.
Referir que a luta dos Polícias está a ser atacada, é a constatação da realidade. Esta luta tão incómoda para certos quadrantes, desencadeia mesmo determinados ataques que não se coíbem de cair no ridículo e na total ausência de razoabilidade.

Porém, a luta dos Polícias vai continuar.

Vai continuar por ser justa.

Vai continuar por ser uma questão de dignidade. Mas acima de tudo, vai continuar para desmistificar estes absurdos que têm sido afirmados, tanto por quem teria em primeira instância que defender os polícias, no caso do ministro da tutela, mas também e acima de tudo, por quem se pronuncia em momentos de opinião que, sinceramente, só demostram o nível de ignorância de quem os emite.

Acrescenta-se, por último, que a luta vai continuar… simplesmente porque se impõe.

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A luta dos polícias debaixo de ataque

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25.01.2024

Uma ação individual e destemida de Pedro Costa, agente da Polícia de Segurança Pública, teve o condão de despertar os polícias para um movimento de luta, só comparável ao histórico episódio dos “ secos e molhados”.

Os polícias portugueses estão a lutar por algo em que acreditam, os princípios Constitucionais, mormente, pelo cumprimento do princípio da igualdade.

No entanto, apesar da nobreza das ações de luta destes profissionais e da justeza clara deste direito, reconhecido, aliás, por vários quadrantes da sociedade – incluindo o Diretor Nacional da Polícia Judiciária – essa mesma luta tem sofrido ataques constantes, que facilmente se qualificam de tendenciosos senão mesmo de abjetos.

Algumas personalidades, atacam publicamente os polícias e a sua luta, numa clara tentativa de........

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