*Desculpa (em alemão). Críticas a Schmidt não deviam ter sido ampliadas só pela goleada. Justificar o dérbi com a arbitragem foi esconder derrota curta...

Um adepto em fúria numa palestra de reprimenda em pleno relvado à equipa que acabava de ser goleada. Um adepto de claque em fúria, a falar para uma equipa cabisbaixa que em conjunto com a equipa técnica ouvia o tal adepto em fúria que deixaram entrar no relvado para, dentro da pequena área, repreender a equipa, gesticulando e gritando com proeminência de veias a saltar do pescoço, perante a plateia do estádio. Uma humilhação pública promovida pelo Darmstadt - incompreensível, mesmo tendo em conta que a equipa tinha acabado de ser goleada em casa pelo Augsburgo (0-6) e assim viu o fosso alargar para três pontos no último lugar da Bundesliga.

Sim, tudo isto aconteceu na Alemanha. Não foi em qualquer campeonato sul-americano que, muitas vezes na nossa arrogância europeia, gostamos de dar como exemplo de algo de mau que acontece no futebol. Sim, tudo isto aconteceu num dos campeonatos chamados big-5 - uma big palestra de um big claqueiro num big campeonato. Sim, tudo isto aconteceu na Alemanha, nem sequer foi em Portugal, campeonato periférico sem direito a ser big.

Big foi a vitória do FC Porto sobre Benfica. Como big, claro, foi o rescaldo. Dedo apontado, sobretudo, a um... alemão, o treinador: herr Schmidt. O senhor Schmidt, que foi senhor na época passada mas entretanto deixou de o ser esta temporada. Uma tendência que parece que veio para ficar na Luz, não apenas com o alemão, mas também antes com Rui Vitória e Bruno Lage - senhores no primeiro ano, caídos em desgraça no segundo…

Só que as críticas a Schmidt não deviam ter sido ampliadas apenas após a goleada. Ouvir o treinador justificar a derrota na 1.ª mão das meias-finais da Taça de Portugal, com o Sporting, com a arbitragem, com o golo anulado a Di María e as queixas sobre uma simulação de Edwards que acabou por não ter qualquer consequência, foi no mínimo prever que do Dragão o Benfica não ia esperar nada de bom… Porque foi esconder que em Alvalade o 2-1 foi muito curto para o que aconteceu em campo, sobretudo na primeira parte.

Mas preferiu-se culpar a arbitragem. E não foi só Schmidt, foi também Rui Costa: o que o presidente do Benfica teve para dizer no final do dérbi foi uma pergunta lançada a correr enquanto passava pela zona mista de Alvalade. «Não foi golo?», perguntou aos jornalistas, apontando o dedo ao golo anulado pelo VAR. Ainda que timidamente, porque com pressas de velocista, o que Rui Costa acabou por fazer foi desculpar a derrota com a arbitragem - em vez de ver os sinais que vinham de antes do dérbi, bastava olhar para a eliminatória da Liga Europa com o Toulouse (10.º classificado do menos big dos big campeonatos…). Se tivesse reagido de outra forma, talvez não tivesse de pedir desculpa pela o que se passou no Dragão.

QOSHE - Entschuldigung* - Nuno Raposo
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Entschuldigung*

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06.03.2024

*Desculpa (em alemão). Críticas a Schmidt não deviam ter sido ampliadas só pela goleada. Justificar o dérbi com a arbitragem foi esconder derrota curta...

Um adepto em fúria numa palestra de reprimenda em pleno relvado à equipa que acabava de ser goleada. Um adepto de claque em fúria, a falar para uma equipa cabisbaixa que em conjunto com a equipa técnica ouvia o tal adepto em fúria que deixaram entrar no relvado para, dentro da pequena área, repreender a equipa, gesticulando e gritando com proeminência de veias a saltar do pescoço, perante a plateia do estádio. Uma humilhação pública promovida pelo Darmstadt - incompreensível, mesmo tendo em conta que a equipa tinha acabado de ser goleada em casa pelo Augsburgo (0-6) e assim viu o fosso alargar para três pontos........

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