O tempo, para o Benfica, tem demorado a passar. É o que acontece quando se quer muito o que ainda se não tem

O Benfica deu o pontapé de saída desta época há 198 dias. Talvez possamos concordar que já lá vai algum tempo. Certo e seguro é que faltam 88 dias para o último jogo do campeonato. Falta, por isso, menos tempo até o pano da temporada descer. E, no entanto, ainda não é bem certo se o Benfica ganhou ou perdeu tempo desde que conquistou a Supertaça num duelo com o FC Porto até ao momento em que estamos.

Quando ainda há poucos dias os benfiquistas celebraram os golos e a exibição de David Neres no regresso à competição, quando ainda se desconhece se o impacto dos jogadores contratados em janeiro (Álvaro Carreras, Benjamín Rollheiser, Marcos Leonardo, Gianluca Prestianni) será positivo ou negativo, quando alguns jogadores importantes (Neres, Kokçu, Bah ou Tengstedt) estiveram ausentes por lesão muitos jogos, quando Kokçu, por exemplo, ainda não mostrou as qualidades que conduziram a um investimento de €25 milhões, haverá argumentos suficientes para alimentar a ideia de que, apesar disso tudo, o Benfica precisa de tempo para ser melhor do que aquilo que foi.

Não foi ainda, em 198 dias, uma equipa completa, Morato, um defesa-central de 1,92 metros, é ainda a opção que dá mais garantias na lateral esquerda, Aursnes ainda continua a ser o preferido de Roger Schmidt para, passe o exagero, qualquer posição, com exceção da baliza e da frente do ataque.

Não se aproxima este Benfica do Benfica da primeira metade da época passada, até perder Enzo Fernández. E, no entanto, podemos todos concordar, já teve mais do que tempo para estar melhor. Se perdeu ou ganhou o tempo que passou ainda é uma questão de tempo para se saber.

Mas estes 198 dias foram mesmo, nalguns casos, uma perda de tempo. E eventualmente uma perda de dinheiro. David Jurásek, que custou €14 milhões, chegou e partiu, Gonçalo Guedes, chegou, partiu, chegou e voltou a partir, Bernat chegou e seguramente não faria diferença ao Benfica se já tivesse partido. Para lá de ainda não ser claro quem é o substituto de Gonçalo Ramos. Parece ser Arthur Cabral, mas já foi Tengstedt ou Musa e poderá ser Marcos Leonardo. Já era tempo de se saber. Mas vai-se matando o tempo.

Entre alguns contratempos, passatempos ou tempos de antena, não será arriscado dizer que a equipa ainda não reflete o potencial do plantel. E também que ainda vai a tempo, mesmo depois de tanto tempo ter passado, de fazer melhor. Luta pelo campeonato, discute com o Sporting a passagem à final da Taça de Portugal, joga hoje a continuidade nas competições europeias, através da Liga Europa, depois do «falhanço», nas palavras de Rui Costa, na Liga dos Campeões. Seria exagerado dizer que luta contra o tempo.

O tempo, para o Benfica, tem demorado a passar. É o que acontece quando se quer muito uma coisa que ainda não se tem. Mas, com 88 dias até ao final da época, pode acontecer que o tempo passe depressa de mais. Certo, em todos os casos, é que não volta para trás.

QOSHE - Benfica: tempo para tudo - Nuno Paralvas
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Benfica: tempo para tudo

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22.02.2024

O tempo, para o Benfica, tem demorado a passar. É o que acontece quando se quer muito o que ainda se não tem

O Benfica deu o pontapé de saída desta época há 198 dias. Talvez possamos concordar que já lá vai algum tempo. Certo e seguro é que faltam 88 dias para o último jogo do campeonato. Falta, por isso, menos tempo até o pano da temporada descer. E, no entanto, ainda não é bem certo se o Benfica ganhou ou perdeu tempo desde que conquistou a Supertaça num duelo com o FC Porto até ao momento em que estamos.

Quando ainda há poucos dias os benfiquistas celebraram os golos e a exibição de David Neres no regresso à competição, quando ainda se desconhece se o impacto dos jogadores contratados em janeiro (Álvaro Carreras, Benjamín Rollheiser, Marcos........

© A Bola


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