Médio espanhol deu ao FC Porto aquilo que a equipa mais precisava: um rumo

Quando Nico González chegou ao FC Porto, trouxe dois ‘carimbos’: o do preço, já que custou 8,4 milhões de euros, mais - sabemos agora- 1,1 milhões de encargos adicionais, e o da formação, porque de um jogador que cresce no Barcelona se espera sempre o melhor.

O meio-campo portista estava a passar por profundas alterações: Alan Varela estava para chegar e teria de substituir rapidamente Uribe; Otávio estava quase a sair e a deixar um enorme vazio. Eustáquio, André Franco e Grujic eram soluções, mas dificilmente chegariam ao patamar dos jogadores que mostram à equipa o que tem de fazer para ganhar e jogar melhor.

Daí que Nico tenha tido, quase de imediato, muitos minutos. Acreditando na premissa de que o médio espanhol era melhor, Sérgio Conceição colocou-o em campo, à espera de confirmar isso mesmo.

Os adeptos viram rapidamente que Nico era diferente. Com a bola nos pés, o produto da cantera do Barça tratava-a bem. Nico vivia perto dela, ou do companheiro que a tivesse, para dar sempre a solução de passe mais simples e, por isso, com menor probabilidade de erro (Guardiola já explicou isto mil vezes, não vos vou maçar). Nico queria colocar o FC Porto com posse, a construir em segurança até à baliza adversária. Mas Nico corria pouco, às vezes falhava uma recuperação que deixava a equipa em dificuldades e não demorou muito até ir parar ao banco e à bancada.

Em Barcelona, começou a escrever-se sobre a desilusão. O FC Porto tinha sido escolhido para o miúdo crescer e, afinal, nem jogava. O pai, ex-jogador, lamentava a situação. Os rumores de uma saída no mercado de inverno cresciam.

Mas o FC Porto não estava melhor sem Nico. Varela agarrou o lugar, mas faltava-lhe um parceiro. Eustáquio chegou a ser uma referência, mas isso não significava que a equipa jogasse melhor. André Franco esforçava-se, Grujic era Suficiente e raramente Bom e até Romário Baró ia tendo minutos. O meio-campo azul e branco era, quase sempre, uma tentativa desesperada de assentar.

Conceição, vemos agora, sabia disso. Segurou Nico, não lhe deu grande confiança publicamente, mas fê-lo evoluir à porta fechada.

19 janeiro 2024, 12:43

Diz que o espanhol percebeu os patamares em que tinha de trabalhar em prol da equipa

Até que chegou o empate no Bessa. Fartos de perder pontos, os adeptos exigiram o fim das experiências e o início de um princípio muito simples: colocar em campo os melhores. Nico foi um deles, Francisco Conceição outro. Hoje, dois meses depois dessa reviravolta, o espanhol deu à equipa o que lhe faltava: além de talento, um rumo (Chico acrescentou irreverência e soluções inesperadas, já agora).

Nico González cresceu, está ainda melhor do que se esperava e faz a diferença no meio-campo portista. Conceição poderá sempre dizer que foi fruto do trabalho conjunto feito naqueles meses em que mal o vimos. Sem dúvidas de que isso o ajudou, nunca saberemos mesmo se isso ajudou o FC Porto.

6 março 2024, 07:30

Exibição imaculada de Nico González no clássico; a construir e a destruir jogo teve nota de excelência; já é um imprescindível para Sérgio Conceição

QOSHE - Nico González, o reforço de janeiro - Catarina Pereira
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Nico González, o reforço de janeiro

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10.03.2024

Médio espanhol deu ao FC Porto aquilo que a equipa mais precisava: um rumo

Quando Nico González chegou ao FC Porto, trouxe dois ‘carimbos’: o do preço, já que custou 8,4 milhões de euros, mais - sabemos agora- 1,1 milhões de encargos adicionais, e o da formação, porque de um jogador que cresce no Barcelona se espera sempre o melhor.

O meio-campo portista estava a passar por profundas alterações: Alan Varela estava para chegar e teria de substituir rapidamente Uribe; Otávio estava quase a sair e a deixar um enorme vazio. Eustáquio, André Franco e Grujic eram soluções, mas dificilmente chegariam ao patamar dos jogadores que mostram à equipa o que tem de fazer para ganhar e jogar melhor.

Daí que Nico tenha tido, quase de imediato, muitos minutos.........

© A Bola


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