Há uma força intangível no FC Porto em momentos especiais

O dragão é figura mitológica de várias narrativas histórico-religiosas, no fundo as que trouxeram o Mundo ao estado em que se encontra atualmente. Para o bem e para o mal. A culpa, neste aspeto, não é seguramente dos dragões.

Se há algo que todos devíamos saber, porém, é que uma figura mitológica não morre. Quanto mais não seja por ser mitológica, mas deixemos os preciosismos da retórica para outra ocasião.

Assumindo a metáfora como fazemos há dezenas de anos, todos deviam saber que há em Portugal um dragão que nunca morre. Por vezes cai, magoa-se, falha, pode até perder a capacidade de lançar chamas pela boca dizimando tudo à sua volta, mas não morre.

O jogo de domingo à noite era um daqueles em que a força do FC Porto era convocada para uma luta sem limites. Estavam em causa a classificação, os pontos, a esperança de atingir acesso à Liga dos Campeões, a vontade de mostrar que a verdade está no melhor Porto (contra o Arsenal, por exemplo), e não no menos bom (contra o Gil Vicente há poucos dias).

Mas mais do que o descrito atrás estava em causa a luta contra o maior rival de sempre, contra uma equipa que levava nove pontos à maior sem que na cabina azul e branca alguém conseguisse explicar exatamente porquê.

Sérgio Conceição já o fez, afirmando que o nível de concentração em Barcelos ou em Ponta Delgada tem de ser igual ao que os seus jogadores demonstraram no clássico. É esse o papel do treinador e Sérgio tem-no desempenhado exemplarmente durante os últimos anos. E anos nos quais as dificuldades foram bem maiores do que pareceram, porque é de bom tom não esquecer as contingências de construção de plantel que têm existido por força das regras de fair play financeiro da UEFA.

Há algo que ninguém de bom senso pode retirar de cena: para lá da tática, da técnica e da estratégia, há uma força intangível no FC Porto em momentos especiais.

Seja por reação ao poder central e centralizado, seja por orgulho regional ou por necessidade de afirmação internacional, não há como negar que o dragão que nunca morre tem, sobretudo, feito muito pela vida.

Sobre as qualidades técnico-táticas de cada equipa já muito escrevemos em A BOLA de hoje e nas de ontem. E seguramente escrevê-lo-emos nas de amanhã. A verdade é que um dragão concentrado não pode ver uma águia errante sem atacá-la de forma fulminante. Foi o que aconteceu ontem no Porto, independentemente dos pontos a mais ou a menos que pudesse transportar para o relvado.

O Sporting fez o seu papel frente ao Farense e retomou a liderança da Liga com menos um jogo disputado. O futebol, no fundo, tem lógica. Tem sido a melhor e mais consistente equipa portuguesa esta época. Mas falta quase um terço.

QOSHE - Alguém ainda não sabia que os dragões não morrem? - Alexandre Pereira
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Alguém ainda não sabia que os dragões não morrem?

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04.03.2024

Há uma força intangível no FC Porto em momentos especiais

O dragão é figura mitológica de várias narrativas histórico-religiosas, no fundo as que trouxeram o Mundo ao estado em que se encontra atualmente. Para o bem e para o mal. A culpa, neste aspeto, não é seguramente dos dragões.

Se há algo que todos devíamos saber, porém, é que uma figura mitológica não morre. Quanto mais não seja por ser mitológica, mas deixemos os preciosismos da retórica para outra ocasião.

Assumindo a metáfora como fazemos há dezenas de anos, todos deviam saber que há em Portugal um dragão que nunca morre. Por vezes cai, magoa-se, falha, pode até perder a capacidade de lançar chamas pela boca dizimando tudo à sua volta,........

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